A expansão da economia brasileira em 2007 foi revisada para cima pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa de 5,7%, calculada anteriormente para o Produto Interno Bruto (PIB), foi recalibrada para 6,1% pelo instituto, que apresentou ontem o resultado definitivo. Com isso, o crescimento daquele ano passou a ser o maior do governo Lula e também a maior expansão econômica do País em 21 anos, atrás apenas do resultado de 1986, ano do Plano Cruzado, com 7,5%.
Os dados revelam ainda que a valorização do real diminuiu a participação da indústria - segmento fortemente influenciado pela cotação do dólar - no PIB de 2004 a 2007, ao mesmo tempo em que elevou a fatia dos serviços. A divulgação cumpre um cronograma oficial, que determina que os dados definitivos do PIB só são concluídos quase dois anos após o fechamento do ano a que se refere o indicador.
Os resultados anunciados antes desse período são considerados preliminares. O primeiro dado sobre o crescimento econômico de 2009, por exemplo, será divulgado em março do ano que vem. Segundo o coordenador de contas nacionais do IBGE, Roberto Olinto, a conta final inclui pesquisas anuais do instituto e informações consolidadas de empresas. A defasagem entre o fechamento do ano e a divulgação dos resultados definitivos ocorre no mundo todo, segundo Olinto. "Não dá para reduzir o prazo, é um padrão que ocorre em qualquer País."
Com a revisão do PIB, o desempenho de 2007, que havia empatado com o de 2004, ultrapassou de longe os dados registrados durante o governo Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2002), cuja maior expansão foi de 4,3%, em 2000.
A revisão para cima foi puxada pela indústria - que cresceu 5,3%, ante 4,7% na divulgação anterior - e pelos serviços, cuja variação do PIB em 2007 passou de 5,4% para 6,1%. Outro impacto importante foi dado pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que corresponde a investimentos e passou, com a revisão, de 13,5% para 13,9%.
"Os novos resultados indicam que o desempenho da economia brasileira em 2007 foi ainda melhor do que o anteriormente divulgado, com maior concentração nos setores industriais e de serviços, e puxado por um maior consumo do governo e mais investimentos", observou o analista da Tendências Consultoria, Bernardo Wjuniski. O consumo da administração pública passou de 4,7% para 5,1%.
DÓLAR
Os dados revelaram também que a participação da indústria no PIB caiu de 30,1% em 2004 para 29,3% em 2005, 28,8% em 2006 e 27,8% em 2007. Já os serviços tiveram trajetória ascendente, de 63% do PIB em 2004 para 66,6% em 2007.
O gerente da coordenação de contas nacionais do instituto, Cristiano Martins, atribuiu a mudança à valorização da moeda brasileira. Entre 2004 e 2007, o real valorizou-se cerca de 37%. E somente de 2006 para 2007, a valorização foi de 10,5%.