22 de setembro de 2009

Lula, padrinho de casamento, defende Toffoli: "É tudo bobagem"


Compadres há quase três décadas, Lula e o advogado Roberto Teixeira voltaram a reafirmar seus laços de amizade. No sábado, 19, o presidente e dona Marisa subiram ao altar da capela do Recanto Valeska, o sítio de Teixeira em Monte Alegre do Sul (SP). Eles foram padrinhos de casamento de Larissa, filha caçula do advogado, com o economista Alessandro Quattrini.

O presidente chegou a Monte Alegre do Sul às 14 horas, de helicóptero, com Marisa, o filho Sandro e a nora Marlene.As duas famílias passaram a tarde no sítio -boa parte dela na Cave Jerez Teixeira, que o advogado mantém na propriedade e onde produz artesanalmente vinhos brancos e tintos com uvas trazidas da serra Gaúcha.São mil garrafas por ano, feitas apenas para "distribuir aos amigos" ou para serem abertas em ocasiões como o casamento de Larissa.

O presidente foi a estrela da festa. Numa mesa cercada por seguranças, tirou fotos com dezenas de convidados -inclusive Fafá de Belém- e mal conseguiu jantar. Entre uma pose e outra, Lula falou à coluna.

"Por anos e anos, sabe, a imprensa veio aqui para saber se esse sítio era meu", disse Lula. "O que esse cara aqui apanhou...", afirmou, segurando no braço de Roberto Teixeira.
"As pessoas, só por serem minhas amigas, viravam personas non gratas para a imprensa. Mas a imprensa, Roberto, está aprendendo. Está aprendendo. Já errou tanto que está aprendendo. Ninguém erra tanto sem aprender com os próprios erros." O advogado concordava.

No sábado do casamento, os jornais estampavam reportagens sobre o advogado-geral da União, José Antonio Dias Toffoli, indicado para ser ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) por Lula. As matérias questionavam o fato de ele ter sido reprovado em dois concursos para juiz, de não ter mestrado nem doutorado -e de ter sido condenado a devolver dinheiro público numa ação no Amapá.

"Bobagem. Tudo bobagem", disse Lula. "Falar que o Toffoli não passou num concurso? A vida é assim mesmo.
Alguns dos maiores cientistas do mundo foram péssimos alunos, tiraram nota zero na escola. Os jogadores de futebol mais brilhantes do mundo foram rejeitados por uns 30 clubes antes de serem contratados." Roberto Teixeira observa: "Senão [para nomear um ministro do STF], bastava fazer um concurso de títulos".

Alguém observa que Toffoli é um "bom ser humano". "Não é só, meu caro", diz Lula, juntando o indicador, o polegar e enfatizando com uma das mãos: "Ele é um puta advogado. Ele foi advogado da gente desde a campanha de 1998. Nós sabemos como ele é bom". Teixeira concorda: "Ele é um grande advogado".

Lula continua: "As pessoas têm que entender que, depois que o Brasil elegeu um presidente da República que não tem diploma, sabe, e um vice-presidente [José Alencar] que não tem diploma, o preconceito acabou neste país".
E a condenação na Justiça do Amapá? O presidente ignora a pergunta, segue em frente: "Eu ouço muita gente antes de escolher um ministro do Supremo. Eu ouço advogados, juristas, eu ouço todo mundo para não errar". Segue Lula: "Eu me dou com todos os ministros do Supremo. O cara que vai para o tribunal não tem que ir lá fazer a própria biografia. Ele tem que ter personalidade, firmeza. E isso o Toffoli tem".

A coluna pergunta a Lula se ele sabe que o Ibope divulgaria em dois dias pesquisa em que Ciro Gomes (PSB-CE) aparece à frente de Dilma Rousseff (PT-RS). "Eu não sei", diz o presidente. "Eu nem sei se o Ciro e a Dilma são candidatos."

O presidente afirma que "eleição é que nem Campeonato Brasileiro. Não adianta, sabe, ficar dizendo: "Ah! O Corinthians vai ser campeão! O Palmeiras vai ser campeão!". Ninguém sabe [antes de o campeonato terminar]. Tem que ver qual time vai entrar em campo, quem são os jogadores, qual é o banco de reservas. Não adianta ser um grande candidato e ter só 30 segundos de TV, sabe? Vai lá pra baixo [nas pesquisas], não ganha a eleição.
A não ser que aconteça como em 1989, quando a TV Globo apoiou o [Fernando] Collor. Aí, ganha".

"Mas, se ganha, não governa", continuou Lula. "Outro dia, eu viajei com o Collor pra Alagoas. E eu perguntei pra ele: "Mas, Collor, como você foi nomear um cara como o João "Bafo de Onça" para o seu ministério [referindo-se a João Santana, nomeado por Collor secretário de Administração], um cara, sabe, que não ganhava nem eleição para diretório do PT?" E o Collor me disse: "Eu não tinha quadros". É isso. Sem quadros, você não governa."

Dona Marisa interrompe a conversa, chama o marido: "Nós vamos perder o avião pra Brasília".
O presidente continua conversando com a coluna: "Mas o que é bom mesmo é que o Brasil não tem um candidato de direita desta vez.
Isso é muito bom para o país". Dona Marisa insiste: "Vamos perder o avião". "Tá bom, Marisa. Vamos embora, Marisa!", diz o presidente, juntando as mãos e em tom de brincadeira.

Dona Marisa, num longo de Walter Rodrigues, surpreende alguns convidados. "Como ela está bem, como ela está magra", diz uma amiga da família. A primeira-dama está fazendo tratamento com a dermatologista Adriana Vilarinho. Há tempos, passou a usar batons mais claros.
Corre todos os dias na esteira ergométrica e usa uma máquina chamada Power Plate, plataforma vibratória sobre a qual se pode praticar exercícios e que, segundo se diz, é usada também pela cantora Madonna.

A primeira-dama sai puxando a família. "Tudo de bom pra vocês. Tudo de bom pra vocês." O casal presidencial deixou a festa por volta das 22 horas.

Teixeira e sua mulher, dona Elvira, puderam então dar mais atenção a todos os convidados, para quem foram servidos prosecco italiano Valdo, vinho Jerez Teixeira, caldinho de feijão, abóbora e ervilha, bufê de carne, peixe e massas. "Tá vendo aquela pedra ali?
Foi pulando dela que, na década de 70, o Lula quebrou o pé", diz Teixeira. "Isso aqui tem história." Pouco antes, Lula disse a ele: "Roberto, em um ano e quatro meses, tudo isso acaba. E nós vamos ficar aqui nesse sítio, sem ninguém para nos encher".

Frases

Falar que o Toffoli não passou num concurso? A vida é assim mesmo. Alguns dos maiores cientistas do mundo foram péssimos alunos, tiraram nota zero na escola
LULA

Não adianta ser um grande candidato e ter só 30 segundos de TV, sabe? Vai lá pra baixo [nas pesquisas], não ganha a eleição. A não ser que aconteça como em 1989, quando a TV Globo apoiou o Collor. Aí, ganha
IDEM

Da coluna de Mônica Bergamo

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