8 de abril de 2009

Depois de ser acusado, ex-diretor da Sadia rompe o silêncio


Após mais de seis meses de silêncio, o ex-diretor financeiro da Sadia, Adriano Lima Ferreira, resolveu se pronunciar sobre o caso dos derivativos cambiais que resultaram em perdas financeiras de R$ 2,5 bilhões à companhia. No final da tarde de ontem, Ferreira enviou comunicado à imprensa em que se disse surpreso ao se deparar com a notícia nos jornais de que os acionistas da Sadia decidiram processá-lo pelas perdas bilionárias que a empresa teve com esses contratos. Na nota, ele disse que informava mensalmente ao conselho de administração as operações que realizava. Segundo sua assessoria, Ferreira também se reportava diariamente ao presidente do conselho.

"Recebi a notícia com surpresa após ter dedicado seis anos de minha vida profissional à Sadia, de forma fiel e responsável, período em que a companhia triplicou de tamanho e o seu valor de mercado, inclusive já levando em consideração as perdas", diz trecho da nota assinada pelo ex-diretor.

Ele ressaltou que, além de vocação agroindustrial, a empresa possui aptidão financeira com pesos equivalentes e até mesmo superiores. Ele citou a Concórdia Corretora de Valores, há 21 anos em operação e conduzida pela própria Sadia, e a criação da holding financeira e do banco múltiplo, "com rentabilidades de extrema relevância nos lucros da organização".

De mocinho a bandido

Ferreira destacou ainda no documento a importância desses mesmo dos contratos derivativos para os lucros da Sadia nos últimos anos."Nos últimos seis anos, foram responsáveis por aproximadamente 60% do lucro da companhia".

Ele justifica que a decisão de dezenas de companhias brasileiras de trabalhar com "o produto 2 por 1", como foram apelidados os contratos de target forward, se deu pelo fato deste ser, à época, mais vantajoso, ou seja "a empresa sempre esteve familiarizada com operações de derivativos". "Os mesmos derivativos 2x1 renderam à companhia no primeiro semestre de 2008 o correspondente a 80% dos resultados, ou seja, dos lucros da Sadia. Ressalte-se ainda que estas mesmas operações foram realizadas também em 2007, ano em que a Sadia apurou um resultado excepcional e que todas estas operações constavam do seus demonstrativos financeiros." Ferreira delega as perdas financeiras da Sadia à crise econômica mundial que, segundo ele, sem precedentes. "aconteceu de forma abrupta e avassaladora".

Ferreira deixa no ar certa incerteza sobre o quê teria de fato embasado a decisão dos acionistas da Sadia em processá-lo, assim como vê erros conceituais no relatório feito pela BDO Trevisan. Ele se refere ao documento de auditoria como o "que aparentemente embasou a decisão tomada na assembléia geral".

Além disso, ele relata que o acesso ao relatório lhe foi negado verbalmente, apesar de a solicitação de consulta ter sido feita por escrito. "Surpreende-me também o relatório da BDO Trevisan, conforme o que li na imprensa, considerar apenas o ano de 2008, ou seja, a história muito recente".

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