16 de julho de 2009

Renan contraria PT e elege aliado para presidir Conselho


Ao ser eleito presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado, o senador Paulo Duque (PMDB-RJ) não esperou nem quinze minutos para demonstrar que está mais comprometido com os interesses do PMDB do que com a defesa do Senado nas investigações envolvendo o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP). "Não existe independência total na política", declarou o pemedebista, na sala onde havia acabado de ser nomeado como o responsável pela condução das apurações de denúncias contra Sarney.

Entre risos da platéia e declarações dispersas, Paulo Duque abriu os braços para os senadores e interrompeu a fala, mostrando-se emocionado: "Muito obrigado", declarou. "Tenho a maior admiração por todos os senadores. Todos merecem meu respeito. Eu nunca imaginei presidir deputados", disse, corrigido em seguida "deputados" por "senadores", ao ser avisado. A sala onde foi feita a escolha transformou-se em palco para Duque e o pemedebista aproveitou a confusão para adiar o início dos trabalhos do conselho para agosto, no dia 05. "15 horas é uma boa hora? Os senhores concordam com esse tipo de hora? Com esse tipo de dia? Vai ser uma reunião semanal ou mensal? Como os senhores querem fazer?", questionou, como se não fosse o presidente.

Pemedebistas comemoravam a eleição de Duque, escolha de Renan Calheiros, e comentavam que vão "tratorar". A expectativa é que ele arquive as acusações contidas em uma representação apresentada pelo P-SOL e em três denúncias protolocadas por Arthur Virgílio, líder do PSDB. Se arquivar, caberá recurso. Caso contrário, poderá ser o primeiro passo para uma eventual cassação de Sarney.

Duque chegou ao Senado em 2007. É o segundo suplente de Sérgio Cabral, que deixou o Senado ao eleger-se governador do Rio em 2006. O primeiro suplente Régis Fichtner, virou secretário de governo.

Aos 82 anos, Duque foi deputado estadual durante oito mandatos no Rio. Durante os anos 1960 na Assembléia Legislativa, foi relator da CPI que investigou a denúncia de afogamento de mendigos pela guarda do governador da Guanabara, Carlos Lacerda.

Duque é o mais velho da comissão. Por isso lhe coube chefiar a sessão até que fosse eleito o presidente efetivo. O novo presidente do Conselho de Ética não deve disputar mandato em 2010. Sem a preocupação de desgastar-se eleitoralmente, fará de tudo para defender Sarney, analisaram senadores do PT e da oposição.

A escolha de Duque por 10 dos 15 senadores que votaram foi uma demonstração do controle que o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), terá sobre o conselho para minimizar o desgaste de Sarney e para tentar impedir a cassação do presidente do Senado. Renan tem na presidência seu aliado, cuja candidatura foi articulada por ele, e a maioria dos titulares do Conselho de Ética. O líder do PMDB impôs sua vontade sobre a do PT e da oposição, que apoiavam Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) - tido como mais independente para investigar Sarney.

Valadares desistiu de disputar a presidência e pediu o desligamento do conselho. João Ribeiro (PR-TO) também pediu afastamento. O senador do PSB tomou a decisão depois de uma conversa na noite de terça-feira, com Renan e o líder do PT, Aloizio Mercadante (SP). Na manhã de ontem, relatou ter ouvido de Mercadante que "estava havendo muita dificuldade" dentro do PMDB para aceitá-lo e declarou que, sem apoio para eleger-se, desistiria.

Mercadante procurou demonstrar que, de agora em diante, a responsabilidade da condução do conselho será do PMDB, já que o candidato que ele indicou foi barrado. "A responsabilidade da indicação (de Duque) é exclusivamente do PMDB".

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