1 de dezembro de 2008

O TSE não concorda com a decisão do TSE


Paulo Pereira da Silva, ou Paulinho da Força, recebeu na tarde de quarta-feira uma notícia ruim e outra, boa. O deputado federal do PDT foi o destinatário da ruim: na reunião da Comissão de Ética da Câmara, o colega Paulo Piau (PMDB-MG), relator do caso que vincula o parlamentar paulista a pilantragens no BNDES, propusera à Comissão de Ética da Câmara a cassação do seu mandato. Paulo Pereira da Silva repetiu que é inocente e fechou a cara.

A boa notícia contemplou o presidente da Força Sindical: estava confirmado o jantar na Granja do Torto que incluía seu nome na curta lista de convidados. Paulinho da Força contou aos parceiros ao lado que passaria algumas horas com Lula naquela noite e abriu um sorriso.

Lula nunca foi de abandonar um companheiro no caminho, garantiram desde os que o conhecem de perto. Depois da vitória em 2002, o presidente têm insistido em mostrar a quem mal o conhecia que também não abandona delinqüentes aliados a caminho do castigo. Seja qual for o pecado, bandidos de estimação são liminarmente absolvidos pelo Grande Pastor.

É provável que, quando decide juntar em torno da mesa mais de 15 bocas, Lula faça a Marisa Letícia a pergunta formulada freqüentemente pela gente comum. "Adivinhe quem vem para jantar?" A primeira-dama jamais errará se repetir a mesma resposta: "Pelo menos uns três ou quatro picaretas". Hoje passam de 300.

Lula ficou três horas em companhia de Paulinho da Força e outros donatários das capitanias sindicais. Foi esse o tempo que gastou, na mesma quarta-feira, para sobrevoar a bordo de um helicóptero parte da área de Santa Catarina devastada por inundações. "A maior tragédia destes seis anos de governo" mereceu tanta atenção quanto a companheirada.

No dia seuinte, Paulinho acordou feliz com o jantar. Ficou ainda mais contente ao saber que a Comissão de Ética adiou a votação do parecer de Paulo Piau. E embarcou na euforia com a grande notícia: o governador paraibano Cássio Cunha Lima foi autorizado pelo Superior Tribunal Eleitoral a ficar no cargo do qual fora afastado pelo próprio TSE.

Se o país fizesse sentido, todas as ruas e praças de todas as cidades seriam ocupadas por milhões de brasileiros à caça de explicações para dois enigmas. Como pode um tribunal emitir uma ordem de despejo e, cinco dias depois, proibir que seja cumprida? E o que vai pela cabeça do ministro Ricardo Lewandowki, que no dia 20 votou pela cassação do governador no TSE, negou no dia 26 o recurso encaminhado ao STF pelo PSDB e, no dia seguinte, de volta ao TSE, articulou a vitória do tucano da Paraíba por 5 votos a 2? O Brasil já não se espanta com nada.

Quando inaugurou aquela fábrica de cheques ilegais, Cunha Lima deveria ter assinado uma ficha de inscrição em qualquer partido da aliança governista. Se fizesse isso, teria hoje o presidente no rol das testemunhas de defesa. Talvez tenha confiado demais na clemência das instâncias superiores do Judiciário.

Os doutores dubitativos precisam liqüidar o assunto o quanto antes. Logo estarão lidando com o sucessor José Maranhão, senador pelo PMDB. Ele luta por Lula. E luta para escapar de oito processos na Justiça eleitoral.

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