15 de dezembro de 2008

Linha do BC pode custar até US$ 20,5 bi


O Banco Central poderá gastar até US$ 17,12 bilhões para refinanciar o total de dívida externa das empresas privadas brasileiras que vencem em 2009, tomando como base os dados de vencimento externo do BC. Considerando o aporte adicional de 20% do valor da dívida que o governo pretende disponibilizar para as empresas se capitalizarem e realizarem investimentos, esse montante poderia chegar a US$ 20,54 bilhões caso todas as companhias optem pelo financiamento, o que representa 9,94% das reservas internacionais do País, hoje em US$ 206,71 bilhões.

O governo anunciou na quinta-feira, junto com o pacote de redução de impostos para estimular o crescimento da economia, que irá emprestar mais de US$ 10 bilhões para que as empresas possam rolar suas dívidas externas, diante da contração do mercado de crédito e do aumento dos custos para a renovação das emissões de dívidas no exterior.

Para o vice-presidente da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), Luiz Fernando Resende, a decisão deve promover maior liquidez para o mercado de crédito e criar uma alternativa para as empresas rolarem suas dívidas, nesse momento em que os custos estão muito elevados. "A medida facilita a rolagem de dívidas das empresas e evita o default dos empréstimos em vencimento."

Resende afirma que no ano que vem as empresas devem acessar mais o mercado de crédito do que as emissões de dívida no exterior, buscando empréstimos com agências de fomento e organismo multilaterais nas linhas externas. "A captação de recursos via emissão de dívida deve cair em 2009, até porque os investimentos também devem apresentar uma retração", avalia.

Ele destaca que as empresas capitalizadas, com caixa disponível, devem optar por liquidar suas operações que estão vencendo e não rolar dívidas ao atual nível de custo. "Os custos subiram com a crise e não compensa rolar as emissões", diz ele.

O custo do empréstimo a ser disponibilizado pelo governo terá como referência a Libor (taxa interbancária do mercado de Londres) mais um percentual fixo a ser determinado pelo BC.

Com a retração das linhas de crédito no exterior, a saída para muitas empresas buscarem recursos externos tem sido acessar os empréstimos disponibilizados pelas agências de fomento ao comércio exterior governamentais e organismos multilaterais.

A Petrobras anunciou na sexta-feira que assinou contrato de financiamento de 75 bilhões de ienes, cerca de US$ 750 milhões, com um grupo de bancos japoneses e a agência de fomento à exportação do Japão, Nippon Export and Investment Insurance (Nexi). A operação tem prazo de dez anos e visa, segundo comunicado da estatal, financiar o programa de investimentos da refinaria Henrique Lage (Revap), localizada em São José dos Campos, no interior de São Paulo.

A Petrobras informou na semana passada que havia captado US$ 7,5 bilhões ao longo do ano. Com o novo empréstimo, o volume de recursos obtidos sobe para US$ 8,25 bilhões, em grande parte junto a agências de fomento. Só nos últimos dois meses, a empresa captou: US$ 200 milhões com um grupo de bancos estrangeiros liderados pelo BNP Paribas, com seguro da agência de crédito à exportação italiana Sace (Servizi Assicurati Del Commercio Estero), com prazo de 12 anos; US$ 500 milhões com a agência de crédito à exportação canadense EDC (Export Development Canadá), com prazo de 12 anos; e US$ 200 milhões com o Bradesco na forma de Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC), com prazo de um ano.

O grupo Santander também anunciou na sexta-feira que aprovou US$ 2 bilhões adicionais para financiamentos de operações de comércio exterior, para apoiar as importações e exportações de empresas brasileiras. As linhas são de várias modalidades, com prazo de até 360 dias.

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