A dívida líquida do setor público atingiu R$ 1,127 trilhão em setembro, equivalente a 38,3% do Produto Interno Bruto (PIB). Em agosto, estava em 40,4% do PIB. Como proporção do PIB, é o menor resultado em dez anos. A última vez que a dívida esteve tão baixa foi em outubro de 1998, de 37,58% do PIB.
Esse é outro reflexo positivo da valorização do dólar. Em setembro, a moeda ficou 17% mais cara. Com o dólar em alta, as reservas internacionais crescem quando convertidas em reais. O mesmo ocorre com outros ativos em moeda estrangeira. "A valorização do dólar impacta favoravelmente os ativos cambiais, principalmente as reservas", disse o chefe-adjunto do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel.
Quando comparados com as dívidas do setor público, os ativos mais valorizados ajudam a diminuir o saldo líquido. O efeito cambial foi responsável pela redução de 1,6 ponto porcentual da dívida líquida em setembro, de uma queda total de 2,1 pontos. No ano, a contribuição da alta do dólar é ainda maior: 4 pontos, em uma queda total de 4,3 pontos.
Além do efeito do câmbio, a dívida líquida caiu em setembro por causa do desempenho das contas públicas. O fato de terem encerrado o mês com superávit nominal respondeu pela queda de 0,1 ponto na dívida medida como proporção do PIB.
A expectativa do governo é que a dívida continue em queda este mês. Anteontem, em depoimento no Senado, o presidente do BC, Henrique Meirelles, apresentou uma projeção na qual a dívida cairia para 37% do PIB em outubro. Se confirmado, será o melhor resultado desde setembro de 1998.