8 de agosto de 2008

Foz de Chapecó será erguida em tempo recorde

A primeira turbina da Usina Hidrelétrica Foz do Chapecó, localizada no rio Uruguai, entre os municípios de Águas de Chapecó (SC) e Alpestre (RS), vai entrar em operação comercial em agosto de 2010. A obra está adiantada e será concluída em tempo recorde - três anos e meio, enquanto o normal são seis anos. Os investimentos somam R$ 2,2 bilhões, 74% financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Atualmente, 43% das obras estão concluídas. A partir do início de funcionamento da primeira turbina, a cada dois meses uma entra em operação. A quarta e última unidade geradora tem previsão para operar em fevereiro de 2011.

A hidrelétrica terá potência instalada de 855 megawatts (MW), suficiente para atender a 25% do consumo de Santa Catarina e 18% do Rio Grande do Sul, ou a cinco milhões de lares. O projeto é gerenciado pela Foz de Chapecó Energia, detentora da concessão formada pelas empresas CPFL Geração (51%), Furnas Centrais Elétricas (40%) e Companhia Estadual de Geração e Transmissão de Energia Elétrica (CEEE GT, 9%). O consórcio construtor é liderado pela Camargo Corrêa, e tem como parceiros a Alstom e a CNEC Engenharia (que é também empresa do grupo Camargo Corrêa).

A usina vai ficar pronta um ano e meio antes da entrega da energia para o mercado cativo, a partir de 1º de janeiro de 2012. Com isso, as empresas acionistas terão tempo para a venda do insumo no mercado livre, que não é vinculado a nenhuma distribuidora de energia).

O diretor superintendente da Foz de Chapecó, Enio Schneider, afirma que a disponibilização será de 60% da energia assegurada de 432 MW médios. Os outros 40% estão contratados pela CPFL Energia para destinação às distribuidoras do grupo. "Ainda não há uma definição sobre o que fazer com a energia. Há um comitê técnico que está avaliando as estratégias", afirma Schneider.

O leilão da usina Foz do Chapecó ocorreu em 2001 e a idéia era estar com a obra iniciada naquele ano com previsão de geração em 2008. "Na época, os leilões eram feitos sem licença prévia", conta Schneider. Segundo ele, a primeira licença prévia demorou dois anos e meio para ser obtida. Depois foi feito o Programa Básico Ambiental (PBA) para daí obter a licença de instalação, o que ocorreu três anos depois do leilão.

"A defasagem entre o planejado e o executado fez com que a Vale do Rio Doce se retirasse do consórcio e levou algum tempo para se recompor o grupo", diz o executivo. Em 2005, Furnas, interessada na expansão de seus negócios para o Sul do País, comprou a participação da Vale. "Mesmo tendo a licença de instalação em mãos, no final de 2004, a obra só veio iniciar em 2006", explica Schneider.

Primeiros estudos

O diretor lembra que os primeiros estudos de divisão de quedas do Rio Uruguai foram feitos pela Canambra (empresa canadense brasileira),contratada pelo governo federal na década de 60. Depois houve vários reestudos. "Na medida em que a questão ambiental começou a ter mais peso, os projetos foram revistos e as usinas passaram a ter menor altura para evitar alagamentos", afirma Schneider. Foi só em 1984 que se confirmou que o aproveitamento da Foz do Chapecó era a alternativa de menor impacto, se comparado a outros locais de aproveitamento.

O gigantismo da obra

Para garantir a velocidade recorde da obra, a Camargo Corrêa instalou no local duas centrais de concreto que produzem 100 metros cúbicos de cimento por hora cada uma. Entre as novas tecnologias adotadas, está a instalação de correias que transportam o concreto das centrais até o ponto de aplicação. O volume total de concreto que será utilizado na obra será de 700 mil metros cúbicos, o suficiente para construir nove estádios do tamanho do Maracanã. Mais de 1,7 milhão de metros cúbicos de concreto terá origem na escavação comum, 4,43 milhões de metros cúbicos serão escavados em rocha e 210 mil metros cúbicos de escavação subterrânea. A cada mês, duas mil toneladas de aço são beneficiadas. A área inundada do reservatório terá 80 quilômetros quadrados.

No canteiro de obras já é possível visualizar a estrutura do vertedouro e da casa de máquinas, que fica separada da barragem por um morro. Neste morro dois túneis de escoamento foram escavados para a passagem da água entre os dois lados do rio que forma uma ferradura. Cada túnel possui 390 metros de extensão e 18 metros de diâmetro. A usina terá 548 metros de comprimento e 47 metros de altura. O volume de enrocamento da barragem principal será de 1,8 milhão e metros cúbicos.
 

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