7 de agosto de 2008

Secretaria da Segurança Pública de SP diz não divulgar ranking de crime para não afetar mercado


A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo afirmou ontem que não divulga rankings de violência em São Paulo no governo José Serra, para evitar "leitura simplista" dos dados e não influenciar o mercado imobiliário, o preço dos seguros e a auto-estima da população.
A afirmação foi feita pelo o sociólogo Túlio Kahn, da CAP (Coordenadoria de Análise e Planejamento), órgão da secretaria, em entrevista convocada pela pasta após a Folha ter publicado na edição de ontem o "mapa da violência".

Antes de trabalhar para o governo, Kahn atuou em núcleos de estudos que costumavam divulgar rankings de criminalidade. "Na época, eu não tinha noção do impacto que causavam na auto-estima das pessoas que moram nesses lugares, no valor de seguros de automóveis, no valor dos imóveis da área."

Kahn disse seguir a filosofia de órgãos estatísticos de outros países de não usar rankings e citou relatório do FBI, a polícia federal dos EUA: "Essas hierarquizações levam a interpretações simplistas ou incompletas, que freqüentemente criam percepções enganosas que afetam negativamente algumas cidades e seus residentes". Embora o governo diga não querer influenciar preços, hoje, segundo a Folha apurou, as seguradoras já cobram até 20% mais por seguros de veículos que pernoitam em áreas com maior incidência de roubos e furtos, como Perdizes, Pinheiros e Lapa, na zona oeste. Elas dispõem de amplos estudos sobre a casuística e estipulam preços com base nesses dados.

Leitura simplista

Na entrevista, o sociólogo disse que os números de criminalidade publicados pela Folha estão corretos, mas seriam "uma leitura simplista" por não levar em conta dados populacionais e demográficos. Segundo ele, isso gera "interpretações equivocadas" sobre a incidência de crimes na cidade.

O mapa da violência publicado pela Folha, com o ranking dos principais tipos de crime por distrito policial, foi apresentado exatamente como consta em documentos oficiais usados pela polícia para definir táticas de combate ao crime.
Desde 2002, a Folha tem solicitado ao governo paulista informações sobre a violência estratificadas por delegacias, mas a resposta sempre foi negativa.

Em sua argumentação, Kahn afirmou que os distritos policiais que formam o chamado "triângulo da morte" -100º DP (Jardim Herculano), 47º DP (Capão Redondo) e 92º DP (Parque Santo Antônio), na zona sul-, que registraram o maior número absoluto de assassinatos no segundo trimestre, ficariam em 7º, 29º e 22º colocações, respectivamente, na contagem da secretaria.

Marcos Carneiro Lima, delegado do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), afirmou, na mesma entrevista, que a região do 100º DP, onde houve mais homicídios, "vem reduzindo continuamente seus índices de criminalidade, assim como a cidade como um todo, que registrou queda de cerca de 70% nos assassinatos desde 1999".

Ontem, o governador José Serra (PSDB) comentou os dados. "Estamos trabalhando em todas as áreas. Na média, a criminalidade tem caído verticalmente. Temos taxas de homicídios parecidas com a de países desenvolvidos." Serra não falou de números em nem do PCC que continua agindo livremente em São Paulo
 

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