18 de julho de 2008

Investidores da lista da PF estão em fundos brasileiros, diz Opportunity


O Banco Opportunity divulgou nota ontem em que afirma que os nomes de supostos cotistas do Opportunity Fund apontados pela Polícia Federal que teriam aplicado ilegalmente no fundo offshore são, na realidade, clientes de fundos domésticos do banco. "Cumpre esclarecer que o Banco Opportunity mantém tão somente dados de clientes e aplicações dos fundos de investimento que administra, todos no Brasil", afirma o texto.

Reportagem publicada ontem pelo Valor antecipava que havia indícios de que poderia ter ocorrido um equívoco com a lista, uma vez que investidores consultados afirmaram oficialmente que eram clientes de fundos domésticos do banco e não do Opportunity Fund.

A lista de 84 cotistas, obtida a partir de disco rígido apreendido durante a Operação Chacal, em 2004, integra o relatório do delegado Protógenes Queiroz e serve de base para a acusação de evasão de divisas formulada contra Daniel Dantas. Pela lei vigente na ocasião da criação do fundo e por seu regulamento interno, brasileiros não poderiam colocar seu dinheiro no Opportunity Fund.

Mesmo que os nomes coletados não sejam de investidores do Opportunity Fund, isso não quer dizer que não haja brasileiros entre seus aplicadores, conforme aponta a PF. Em processo julgado em 2004, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) encontrou indícios de que haveria brasileiros entre os cotistas e condenou o banco e executivos. O Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional derrubou a condenação, no ano passado, alegando não ter encontrado provas. Entre elas, não foi possível, à época, obter a lista dos cotistas do Opportunity Fund, que é baseado nas Ilhas Cayman.

Com a deflagração da Operação Satiagraha, acreditava-se que a lista finalmente havia se tornado pública. A negativa de supostos cotistas e a nota oficial do banco levantam dúvidas sobre isso.

No comunicado divulgado ontem o Banco Opportunity diz que "qualquer afirmação ou insinuação no sentido de vincular nome de supostos clientes do Banco Opportunity ao fundo estrangeiro Opportunity Fund é leviana. Trata-se de uma inverdade". O texto prossegue afirmando que os nomes divulgados "de forma irresponsável são cobertos por sigilo e a sua divulgação constitui crime".

Dois cotistas afirmaram ao Valor serem clientes de fundos domésticos do Banco Opportunity e não do fundo offshore. Um deles foi o fundo de pensão da elétrica gaúcha Companhia Estadual de Energia Elétrica. O Eletrocee disse ser aplicador do CVC FIA (atual Investidores Institucionais FIA) desde 1998. A fundação afirma nunca ter feitos investimentos no exterior. É vedado a fundos de pensão investir fora do país.

A executiva Elena Landau, funcionária do Opportunity até 1999, também negou que sua empresa, Elandau Consultoria Econômica Ltda., que aparece na lista da PF, tenha aplicado no Opportunity Fund. Ela afirmou ter investido até 1999 em outros fundos do banco.

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