28 de janeiro de 2008

Petrobras terá nova distribuidora para receber postos da Ipiranga


A Petrobras terá que criar uma nova empresa de combustíveis para absorver a rede de postos comprada da Ipiranga antes de repassar os postos para sua controlada, a BR Distribuidora. José Eduardo Dutra, presidente da BR, explica que a nova empresa terá que ser criada porque o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) ainda não aprovou a aquisição dos ativos do grupo Ipiranga feita pela Petrobras, Ultra e Braskem no ano passado.

"Será uma distribuidora da Petrobras e não da BR. Ela terá outro nome e vai gerir esses ativos até que eles possam ser incorporados aqui", explicou Dutra. Esse modelo não prejudica a absorção do restante da rede da Ipiranga - cerca de três quartos da rede de postos - pelo grupo Ultra. Pelo acordo firmado entre os compradores no ano passado, a Petrobras e o Ultra vão dividir o negócio de distribuição da Ipiranga enquanto os ativos petroquímicos ficaram com Petrobras e Braskem. A estatal ficará com os postos localizados nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e o Ultra com os das regiões Sul e Sudeste. Até a aprovação definitiva, os compradores se comprometem a preservar as companhias de modo a garantir a reversibilidade da operação.

"Vamos ter que segregar agora porque a compra já foi aprovada nas assembléias de acionistas e entramos na fase de separação dos ativos petroquímicos e de distribuição. É uma determinação do Cade. Como os postos não podem ficar na Ipiranga e nem vir para a BR, vamos ter que criar a nova empresa. Esse é resultado natural de um processo de compra que foi sacramentado do ponto de vista acionário mas não do ponto de vista da regulação", explicou Dutra.

Segundo o executivo, se na análise da compra da Ipiranga o Cade adotar os mesmos critérios usados para a aquisição da Agip Liquigás pela BR, a posição de mercado da estatal será estudada em cada município isoladamente. E onde for encontrada participação de mercado maior que 50%, a BR terá que se desfazer de uma parte da rede, seja vendendo para o Ultra ou no mercado, o que for mais conveniente.

Se o mercado brasileiro de derivados passa por um bom momento, tendo registrado crescimento de 7,2% no ano passado, a distribuidora da Petrobras não fica atrás. A BR contabiliza crescimento de 14,9% nas vendas de combustíveis em 2007, tendo aumentado seu volume de vendas de 27,847 bilhões de litros em 2006 para 30,798 bilhões de litros, no ano passado.

Além do volume maior, a companhia ganhou 2,3% de participação no mercado, mesmo antes de incluir os postos da Ipiranga. Ela fechou o ano com participação de 35% do mercado total de combustíveis no Brasil, sem contar os 4% de participação na Ipiranga que foram comprados pela Petrobras e ainda não podem ser incorporados. "Crescemos o equivalente à metade da participação de mercado que a Petrobras comprou da Ipiranga", compara Dutra.

Somando-se os postos da Ipiranga/Petrobras aos postos atuais da BR, a participação da estatal no mercado de combustíveis sobe para 39%. O número fica maior se a comparação for feita com base nos dados de mercado do Sindicato Nacional das Distribuidoras de Combustíveis (Sindicom). Ali, a participação atual da BR é de 41,6%. Somando-se a isso os 5,17% equivalentes a um quarto da participação da Ipiranga (de 20,7% no mercado Sindicom) a fatia de mercado da BR aumenta para 46,7%.

A discrepância de números ocorre porque o sindicato reúne as sete maiores distribuidoras do país, que respondem por 80% do mercado; enquanto o outro dado se refere ao mercado total, que inclui pequenas distribuidoras independentes.

Mesmo sem divulgar os dados financeiros de 2007, a BR não tem o que reclamar. Até setembro, o lucro líquido da distribuidora somava R$ 689 milhões, 57,3% acima do verificado nos três primeiros semestres de 2006.

Dutra explica que além do aumento nas vendas e na participação de mercado, no ano passado a BR conseguiu reduzir em 10% seus custos gerenciáveis. Segundo ele, esse resultado é fruto de um ajuste na estrutura colocado em prática por sua antecessora, Maria das Graças Foster, que agora ocupa a diretoria de Gás e Energia da Petrobras. Uma das mudanças foi a redução do número de gerentes da companhia.


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