Mário de Andrade teria um cenário ideal na crônica política para reeditar a Paulicéia desvairada do século 21. Mal o ano começou, e os candidatos de plantão já começam a mostrar as garras para demarcar seus territórios. A começar por São Paulo, a cidade mais visada por DEM, PSDB e PT. Ninguém se entende, e sobram alfinetadas para todos os lados e gostos.
Empolgada com as recentes pesquisas que a deixam em condições de disputar a prefeitura de São Paulo, a ministra do Turismo, Marta Relaxa e Goza Suplicy, mandou via interlocutores um pedido para o presidenciável Ciro Gomes (PSB). Que ele convença os candidatos do bloquinho (PDT/PSB/PCdoB) a abrirem mão da candidatura em troca de apoio à chapa petista. Marta mandou bala, ciente de que não terá, por enquanto, nenhum apoio oficial ou extra-oficial de Lula. Procurou Ciro, sabedora dos perigos de ver Paulinho da Força (PDT), Luiza Erundina (PSB) e Aldo Rebelo (PCdoB) ganharem força nas pesquisas enquanto ela não deixa o ministério até março para se embrenhar pela selva de pedra paulista em busca de votos.
A contar pelas primeiras impressões, Marta não terá o apoio do bloco, que pode lançar Aldo com Paulinho de vice. O problema de Marta não esbarra só nos partidos de esquerda. Vem dos poderes executivos o contra-ataque. Também cientes do perigo de um eventual acordo do bloquinho com o PT para fortalecer a ex-prefeita, o governador José Serra (PSDB) e o prefeito Gilberto Kassab (DEM) têm se reunido com Aldo, semana a semana. São entusiastas da candidatura do comunista. Sabem que ele vai tirar milhares de votos do PT. Com pesquisas quentes às mãos, democratas e tucanos descobriram que Luiza Erundina é mais bem avaliada, mas Aldo tem menor rejeição. Num desses encontros, brincando ou não, Kassab chegou a propor a Aldo que seja seu vice. Até que deixe o ministério, Marta terá que relaxar.
