O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) prevê investimentos de R$ 1,2 trilhão na economia brasileira entre 2008 e 2011, em uma amostra mapeada que abrange 53% da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) da economia. O montante representa um crescimento de 15,5% sobre os R$ 1,049 trilhão previstos anteriormente para o quadriênio 2007-2010.
De acordo com estimativas do banco, o setor industrial deve ficar com R$ 447 bilhões, enquanto a infra-estrutura receberia R$ 231,7 bilhões e a construção residencial teria R$ 535 bilhões.
Entre os segmentos industriais, a maior fatia ficará com petróleo e gás, com R$ 202,8 bilhões, à frente dos R$ 81,3 bilhões da indústria extrativa mineral e dos R$ 35 bilhões do setor automotivo. A siderurgia vem a seguir com R$ 31,2 bilhões, à frente de papel e celulose, com R$ 27,4 bilhões, e da petroquímica, com R$ 26,4 bilhões.
Fechando a lista vêm o setor sucroalcooleiro, com R$ 20,5 bilhões, a eletroeletrônica, com R$ 14 bilhões, o setor de fármacos, com R$ 5,1 bilhões, e software, com R$ 3,3 bilhões. Na média, o desempenho da indústria significará, segundo o BNDES, um crescimento de 12,4% ao ano em comparação com o desempenho verificado no quadriênio 2003-2006.
O maior destaque nessa comparação fica com a infra-estrutura, cujos investimentos mapeados de R$ 231,7 bilhões representam um crescimento ao ano de 13,2% em relação ao período 2003-2006. O maior destaque nesse grupo vai para a energia elétrica, com investimentos mapeados de R$ 101 bilhões, seguido pelos R$ 56 bilhões para o setor de comunicações. Saneamento deve receber R$ 48 bilhões, enquanto as ferrovias terão R$ 19,9 bilhões e os portos outros R$ 6,8 bilhões.
"Os números previstos para a infra-estrutura são robustos e refletem a demanda reprimida no setor dentro do país. A carência de infra-estrutura é inegável no país e por isso há estoque de projetos com alta taxa de retorno", disse Luciano Coutinho, presidente do BNDES.
Na visão de Coutinho, o bloco de investimentos é "muito robusto", mesmo com o risco de alguma desaceleração da economia mundial nos próximos anos. Para o executivo, a demanda reprimida em infra-estrutura garante "que projetos fiquem em pé" mesmo na eventualidade de uma crise externa.
Além disso, Coutinho lembra que na indústria aproximadamente 50% dos recursos estão previstos para setores que dependem diretamente do aquecimento econômico mundial, como petróleo e gás, extrativa mineral, siderurgia e papel e celulose. No restante, setores como automotivo, eletroeletrônico e de fármacos têm investimentos com base no desempenho do mercado nacional, o que garante alguma proteção contra solavancos externos.
Coutinho frisou ainda que não vê riscos de gargalos na economia por conta dos atuais níveis de utilização da capacidade instalada na indústria. "É natural que você tenha um nível alto de capacidade e desde que este nível fique sob controle, sem grandes variações, a situação não preocupa", disse.
Ontem, o BNDES aprovou financiamento de R$ 2,6 bilhões para a construção da Usina Hidrelétrica de Estreito, no Maranhão, projeto que faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A usina deve gerar, a partir de 2010, um total de 1.087 MW para o Sistema Interligado Nacional, ao qual a usina será conectada.
Estreito é o maior projeto de energia do PAC até agora e o crédito - que equivale a 72,6% do valor total do projeto (R$ 3,6 bilhões) - será concedido ao Consórcio Estreito Energia (Ceste), formado pela Renova Energia Renovável, Companhia Vale do Rio Doce, Alcoa Alumínio e Camargo Corrêa Geração de Energia.