O Brasil está na 54ª posição entre 123 países num ranking feito pelas Nações Unidas que tenta medir a capacidade de aproveitar o comércio internacional para melhorar sua situação econômica e social. O país ganhou seis posições no Índice de Comércio e Desenvolvimento (ICD), que é elaborado pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), mas acabou decepcionando, na avaliação do secretário-geral da entidade, Supachai Panitchpakdi. "A posição do Brasil surpreende, porque seu desempenho melhora no comércio, mas não tem o mesmo sucesso em termos sociais, ambientais e criação de emprego", afirmou.
O Brasil é o 24º maior exportador mundial, segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC). Já o indicador da Unctad, complexo e ainda sob ajuste, aponta fragilidades na infra-estrutura e na sustentabilidade ambiental, investimento insuficiente em educação e saúde, que bloqueiam a capacidade de melhor se beneficiar do comércio internacional.
Supachai recomenda que os países emergentes não se concentrem na liberalização do comércio e promovam outras medidas de desenvolvimento, incluindo políticas industriais. Pelo ICD, os Estados Unidos são o país mais bem dotado nos planos econômico, social, regulamentar e governamental para tirar benefício do comércio internacional e melhorar o nível de vida da população. Isso apesar das dificuldades provocadas pelos desequilíbrios macroeconômicos, enfraquecimento do dólar e a crise do mercado imobiliário, assinala a Unctad.
A China, que está próxima de se tornar o maior exportador mundial de mercadorias, foi o que mais melhorou a sua pontuação nos indicadores que formam o índice, mas fica em 25ª posição por causa da situação social e ambiental.
Pela fórmula da Unctad, somente um emergente, Cingapura, está entre os 20 principais países com melhores condições de tirar proveito do comércio internacional para melhorar seu bem-estar econômico. No grupo das sete maiores economias emergentes, a Coréia fica no topo da lista, seguido pela China, México, África do Sul, Brasil, Rússia e a Índia. Mas todas melhoraram seus desempenhos nos últimos dois anos.
No geral, o Índice de Comércio e Desenvolvimento mostra que as nações em desenvolvimento continuam bem atrás das nações ricas em termos de capital humano, infra-estrutura física, intermediação financeira, qualidade institucional (controle da corrupção, por exemplo), desempenho comercial, econômico e social.
Na América Latina, o primeiro país no ranking é o Chile (37) seguido da Costa Rica (44), do México (47) e da Bolívia (49). Honduras (68) e Equador (70) são dois dos quatro países em desenvolvimento que mais melhoraram posições com relação ao ano passado.