Proposto congresso dos perseguidos pela ditadura militar no Brasil; a data coincide com o 39º aniversário do AI-5 Um coletivo de vítimas da ditadura de 1964-1985, o Fórum dos Ex-Presos e Perseguidos Políticos, convocou para os dias 13 e 14 de dezembro, no Parlamento Latino Americano em São Paulo, o 1º Congresso dos Perseguidos Políticos pela Ditadura Militar.
A data de início coincide com o 39º aniversário do AI-5 (Ato Institucional Número 5), que iniciou a fase mais tenebrosa da repressão ditatorial no Brasil.
"O objetivo do Congresso, além de ser preparatório para o Congresso Nacional dos Perseguidos pela ditadura militar, é também uma manifestação contra os atos de agressão à democracia levados a efeito pela direita raivosa, insatisfeita em estar fora do comando do país", informa o jornalista Ivan Seixas, ele próprio preso e torturado em 1971, quando tinha 16 anos.
Ivan Seixas avalia que a iniciativa do Fórum dos ex-Presos e Perseguidos Políticos, de São Paulo, "só acontecerá de forma verdadeira e democrática com a participação de todas as entidades que lutam pelo fim da direita furibunda e os restos de autoritarismo ainda existentes".
"Convocamos todos os companheiros de São Paulo e de fora do estado a organizarmos uma grande manifestação política e ideológica de esquerda contra os inimigos da democracia", afirma o jornalista.
O Congresso será composto por quatro seminários-debates:
- Os militares e a impunidade: a herança deixada (discutirá a preservação das torturas e execuções como prática de repressão popular)
- Os movimentos populares: ontem e hoje (a posição dos velhos combatentes dos movimentos populares diante do quadro atual)
- Os meios de comunicação, a cultura e a censura: a mutilação de uma geração de brasileiros (a censura, política do passado ou econômica de hoje, como forma de cerceamento do exercício político e da expressão dos brasileiros)
- Operação Condor, Anistia e legislação: a abertura dos arquivos, a punição aos torturadores e a construção da democracia (a repressão articulada no continente e a volta desarticulada à democracia).
Ivan Seixas, que se empenha na convocação do Congresso, foi ele próprio personagem de um episódio macabro da ação repressiva.
Ele foi preso pela famigerada Operação Bandeirantes, em São Paulo, em abril de 1971, aos 16 anos de idade, junto com seu pai, o metalúrgico Joaquim Seixas, militante do Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT).
Os dois foram torturados na Oban. Ivan leu a manchete sobre a morte do pai na Folha da Tarde (jornal do Grupo Folhas) em uma banca de jornal ao ser levado pelos policiais para um ‘passeio’. Na volta ainda encontrou Joaquim vivo. Ele seria morto, de fato, horas depois.