A dúvida do governo com relação à permitir ou não a participação de Furnas no leilão das usinas do Rio Madeira traz problemas que vão além da composição societária dos consórcios que vão disputar a construção de uma das maiores obras que o país terá nos próximos anos. E aos poucos expõe o modelo de financiamento hoje existente no país para os concorrentes. Um dos grandes concorrentes, até agora, do consórcio Odebrecht-Furnas - responsáveis pelos estudos de viabilidade das duas usinas - a Camargo Corrêa reclama que fornecedores nacionais de equipamentos para a obra se recusam a dar os preços para que ela possa calcular os custos. Isso demonstra que o governo tem uma equação complicada para resolver antes de publicar o edital.
João Canellas, diretor-executivo da Amazônia Madeira Energética (Amel) - criada pelo grupo Camargo Corrêa para disputar o leilão das hidrelétricas do Rio Madeira - manifestou preocupação com o fato de fabricantes nacionais de equipamentos já estarem fechados com o consórcio Odebrecht-Furnas. A Camargo estima que os equipamentos custarão cerca de R$ 3 bilhões.
"Os fabricantes nacionais fechados com o grupo concorrente não informam o preço dos equipamentos. Isso é um problema para todos", disse Canellas. Ele citou nominalmente grandes fabricantes de turbinas e dos geradores bulbo que serão usados na usina, de transformadores de alta tensão, e de equipamentos mecânicos para controle das comportas e vertedouros. "A solução seria importar. O problema é que o BNDES não financia equipamentos importados porque usa dinheiro do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)", pondera o executivo da Amel.
Segundo ele, a possibilidade admitida pelo ministro interino de Minas e Energia, Nelson Hubner, de que Furnas participe do consórcio acertado com a Odebrecht - opção que antes tinha sido vetada por ele - "complica extraordinariamente" a competição no leilão. Segundo Canellas, a presença de empresa estatal em um consórcio sempre preocupa pela possibilidade de se ter parte do preço da energia considerando uma taxa de retorno menor e condições de rentabilidade diferentes das que geralmente são aceitas por empresas privadas. "A taxa patriótica de retorno complica nossa avaliação para competir no leilão", resumiu Canellas.
Com todas essas ponderações, o executivo da Camargo Corrêa disse que somente quando for conhecido o edital será possível decidir se a empresa vai ou não participar do leilão da usina Santo Antonio, a primeira do complexo do Madeira a ser leiloada. Uma fonte ouvida pelo Valor explicou que, apesar de se manter sócia da Odebrecht, Furnas não vai participar do leilão, o que significa que ela ficará fora do processo de decisão sobre lances de preço, por exemplo. Assim, o leilão terá apenas a participação de empresas privadas e Furnas poderá se associar a qualquer grupo que sair vencedor, após o resultado da licitação. A interpretação é de que ela não poderia aderir ao grupo vencedor, caso a Odebrecht perca, se tiver participação ativa no leilão. Com essa nova interpretação do governo, Furnas poderá participar da obra qualquer que seja o vencedor.
João Canellas, diretor-executivo da Amazônia Madeira Energética (Amel) - criada pelo grupo Camargo Corrêa para disputar o leilão das hidrelétricas do Rio Madeira - manifestou preocupação com o fato de fabricantes nacionais de equipamentos já estarem fechados com o consórcio Odebrecht-Furnas. A Camargo estima que os equipamentos custarão cerca de R$ 3 bilhões.
"Os fabricantes nacionais fechados com o grupo concorrente não informam o preço dos equipamentos. Isso é um problema para todos", disse Canellas. Ele citou nominalmente grandes fabricantes de turbinas e dos geradores bulbo que serão usados na usina, de transformadores de alta tensão, e de equipamentos mecânicos para controle das comportas e vertedouros. "A solução seria importar. O problema é que o BNDES não financia equipamentos importados porque usa dinheiro do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)", pondera o executivo da Amel.
Segundo ele, a possibilidade admitida pelo ministro interino de Minas e Energia, Nelson Hubner, de que Furnas participe do consórcio acertado com a Odebrecht - opção que antes tinha sido vetada por ele - "complica extraordinariamente" a competição no leilão. Segundo Canellas, a presença de empresa estatal em um consórcio sempre preocupa pela possibilidade de se ter parte do preço da energia considerando uma taxa de retorno menor e condições de rentabilidade diferentes das que geralmente são aceitas por empresas privadas. "A taxa patriótica de retorno complica nossa avaliação para competir no leilão", resumiu Canellas.
Com todas essas ponderações, o executivo da Camargo Corrêa disse que somente quando for conhecido o edital será possível decidir se a empresa vai ou não participar do leilão da usina Santo Antonio, a primeira do complexo do Madeira a ser leiloada. Uma fonte ouvida pelo Valor explicou que, apesar de se manter sócia da Odebrecht, Furnas não vai participar do leilão, o que significa que ela ficará fora do processo de decisão sobre lances de preço, por exemplo. Assim, o leilão terá apenas a participação de empresas privadas e Furnas poderá se associar a qualquer grupo que sair vencedor, após o resultado da licitação. A interpretação é de que ela não poderia aderir ao grupo vencedor, caso a Odebrecht perca, se tiver participação ativa no leilão. Com essa nova interpretação do governo, Furnas poderá participar da obra qualquer que seja o vencedor.