As revendas de veículos - sejam elas de automóveis, caminhões e ônibus - começaram o mês com os estoques "reduzidos, de forma até drástica", conforme relata João Batista Simão, dono das revendas GM em Mogi Guaçu, Mogi Mirim (SP) e Pouso Alegre (MG). O resultado é fila de espera, que nos carros chega a 120 dias e nos caminhões pode avançar até dezembro. Tanto que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) já liberou R$ 2 bilhões para financiar caminhões neste ano. Técnicos da instituição atribuem a forte procura por veículos ao aumento da produção de etanol, aliada à recuperação da agricultura e ao salto das exportações e importações, que levam à necessidade de transporte de carga. O acesso ao crédito mais barato também está provocando enormes filas para a compra de carros de passeio.Segundo o gerente geral da revenda, Eduardo Stoever, a procura cresceu nos últimos meses. Até meados de novembro não havia fila.Hoje tenho 77 clientes esperando um carro novo - conta o gerente da revenda da VW. Acostumado a trabalhar com estoque de 100 carros, o diretor da revenda GM de Caxias do Sul, Servibras, Giovanni Ruaro, contava na última sexta-feira com nove carros. Ele diz que a situação do jipe Tracker, importado da Argentina, é a mais complicada, com espera de 90 dias. Para o presidente da Abracaf, da Fiat, em outros tempos a falta de carros provocava sobrepreço. Hoje o preço dos carros está igual há um ano.
Se a demanda continuar aquecida a expectativa de João Batista Simão é que as vendas cheguem a 2,4 milhões de unidades neste ano. De janeiro a maio foram vendidos 840.252, 24,2% mais que no mesmo período de 2006. O superintendente da Área de Operações Indiretas do BNDES, Claudio Bernardo de Moraes, também constata que a demanda por caminhões está maior que a oferta. - O aumento no fluxo do transporte de cana-de-açúcar exige a ampliação da frota de caminhões - diz. O ritmo acelerado da demanda por caminhões pelas empreiteiras também contribuem para o aquecimento do mercado, de acordo com o banco.
É uma sinalização de que as empresas de construção estão se preparando para o ciclo de investimentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) - completa. Nos primeiros quatro meses deste ano, o programa Finame Caminhões aumentou em 58% os desembolsos.
Com menos de um ano de lançamento, o Procaminhoneiro, programa destinado aos caminhoneiros autônomos e a microempresas de transportes, respondeu por desembolsos de R$ 139,3 milhões em financiamentos de junho de 2006 a abril deste ano. Para caminhões chamados fora-de-estrada, muito usados no setor de mineração, também há filas de espera.
