4 de junho de 2010

Nem o chuchu Alckmin aguentou Serra

A reclusão do pré-candidato do PSDB ao governo de São Paulo, Geraldo Alckmin, irrita a cúpula da campanha tucana, que passou a cobrar empenho do ex-governador na defesa da candidatura de José Serra à Presidência.

No mês de maio, após lançar seu nome ao Palácio dos Bandeirantes, Alckmin visitou nove cidades e fez aparições públicas em oito eventos

No mesmo mês, seu principal oponente na corrida eleitoral, o senador Aloizio Mercadante (PT), percorreu 21 municípios e marcou presença em 19 reuniões setoriais.
Enquanto o tucano mantém discrição nas entrevistas, o rival petista pulverizou a sua presença na mídia regional e visita jornais e emissoras de rádio para difundir o que considera realizações do governo Lula.

Onde aporta, se esforça para associar os supostos feitos da gestão federal à ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, rival do PSDB na disputa pelo Planalto.
No período de "recolhimento" de Alckmin, a vantagem de Serra para Dilma na região Sudeste caiu de 17 para 9 pontos percentuais, segundo o Datafolha. Nesse mesmo intervalo, os tucanos cumpriram apenas uma agenda em comum.

DESCONFORTO

A interlocutores, Serra tem explicitado o desconforto com o comportamento comedido do aliado paulista, apontado como um vigoroso cabo eleitoral, especialmente no interior do Estado.

O ex-governador e ex-secretário estadual de Desenvolvimento, com índice próximo de 50% das intenções de voto, foi aconselhado por sua equipe a optar por um circuito reservado até 5 de julho, quando a Lei Eleitoral permite que a campanha ganhe as ruas.


Alckmin passa por um período de "imersão" na máquina estadual. Tem se reunido periodicamente com secretários da gestão José Serra-Alberto Goldman com o objetivo de traçar um diagnóstico preciso dos setores nevrálgicos do governo.

Nos últimos 15 dias, ele participou de longos encontros com os titulares da Educação (Paulo Renato Souza), da Saúde (Luiz Roberto Barradas Barata), da Segurança Pública (Antonio Ferreira Pinto) e da Gestão (Marcos Monteiro).
Embora o discurso oficial seja de "fina sintonia" entre Alckmin e Serra, o pedido para que o ex-governador corra o Estado para fazer o contraponto à retórica do PT, propagada por Mercadante, representa, na prática, o primeiro ruído entre as campanhas nacional e estadual do PSDB em 2010.

Expõe também chagas do relacionamento entre as alas serrista e alckmista, abertas em 2006, quando os dois políticos ocupavam papéis inversos na eleição.

Apesar de representar a mais sólida possibilidade de poder para o PSDB, o pré-candidato Geraldo Alckmin exercita calculada resignação na corrida pelo governo de São Paulo.
Líder isolado nas pesquisas, Alckmin seguiu um roteiro disciplinado para obter na sigla a indicação para tentar a volta ao governo.
Para apagar as marcas de 2008, quando foi derrotado pelo prefeito Gilberto Kassab na eleição municipal, Alckmin distribuiu pedidos de desculpas, se submeteu a conversas constrangedoras e esperou, ansioso, a decisão de José Serra de disputar a Presidência.
Na montagem de sua equipe, concordou com a contratação dos principais colaboradores da campanha de Kassab. Entre eles, os jornalistas Luiz Gonzalez e Roger Ferreira, ambos na trincheira rival em 2008.
Afastado de Alckmin desde a derrota presidencial de 2006, Gonzalez assinará a campanha, mas o responsável pela comunicação será o jornalista Woile Guimarães -que ajudou na redação do discurso da pré-candidatura de Alckmin, em maio.
Mas não foi por humildade que Alckmin aceitou negociar até o nome do coordenador de sua campanha, Sidney Beraldo.
Colecionando desafetos desde as campanhas de 2006 e 2008, o ex-governador não tem equipe -nem mesmo para arrecadação. E depende da estrutura de Serra, sempre cercado de fiéis colaboradores.
Seus gestos de reconciliação também seguem um ambicioso roteiro político. Ao se reaproximar do ex-governador Orestes Quércia, Alckmin pavimentou sua aproximação ao PMDB, até então um dos pilares da candidatura de Aloysio Nunes Ferreira ao governo.
Alckmin conversou também o governador Alberto Goldman, cujo apoio é fundamental ao longo da campanha. Recentemente, procurou Kassab, a quem chamou de dissimulado no calor da disputa de 2008.
Após afirmar que o episódio está superado, Kassab ofereceu a Alckmin almoço com a bancada do DEM.

ESPERA
A trajetória de Alckmin é marcada por longas esperas. Até para o anúncio da data de sua pré-candidatura foi estabelecido um cronograma que levava em conta a data ideal para a exposição de Serra. No lançamento, ao qual chegou de van, às 10h06, foi obrigado a esperar por duas horas o início da cerimônia.
A paciência pode ser recompensada. Se eleito governador, Alckmin se transformará na mais forte opção do PSDB à Presidência, especialmente se Aécio Neves (MG) não ocupar a vice de Serra -posição que mantém até o momento.
Alckmin será cotado para a sucessão de Serra mesmo se o tucano vencer sem Aécio na chapa. Em caso de vitória da petista Dilma Rousseff, Alckmin será, a partir de São Paulo, o principal porta-voz da oposição.

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