6 de maio de 2010

Para tentar eleger Serra, PSDB e DEM ajudaram a derrubar fator previdenciário

Suporte no Congresso para a criação do fator previdenciário em 1999, durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), o PSDB e o DEM (ex-PFL) contribuíram para acabar com o mecanismo considerado, até terça-feira, fundamental para o equilíbrio das contas da Previdência Social. "Em tempo de eleição, o Congresso perde a razão", resumiu o líder do PSDB, deputado João Almeida (BA), um dos seis votos tucanos pela manutenção do fator previdenciário.

Dos 44 de sua bancada que votaram na sessão, 38 ajudaram a acabar com o mecanismo. Na bancada do DEM, apenas o deputado Félix Mendonça (BA) votou pela permanência do fator previdenciário. Outros 45 deputados votaram pelo seu fim. O placar da votação registrou 323 votos a favor da emenda que extingue o fator previdenciário, 80 votos contrários e 2 abstenções. A emenda foi apresentada pelo líder do PPS na Câmara, Fernando Coruja (SC), e acaba com o mecanismo a partir de 1.º de janeiro de 2011.

O deputado Arnaldo Madeira (PSDB-SP) apontou a questão eleitoral como principal fator para o resultado. Madeira era o líder do governo em 1999, quando o fator previdenciário foi aprovado na Câmara. Ela avalia que parte dos deputados, hoje na oposição, queria criar um eventual desgaste para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o veto à proposta. "No fundo, há deputados que querem fazer o PT provar do próprio veneno. Quando o PT estava na oposição, votava com irresponsabilidade para prejudicar o governo", analisou Madeira.

Genoino. O deputado José Genoino (PT-SP) lamentou o resultado da votação. Ele foi um dos poucos petistas que ficou defendendo a manutenção do fator previdenciário na sessão. "O que explica a votação é o ano eleitoral. O medo do impacto na eleição. Lamento que 24 deputados do PT tenham votado a favor da emenda", disse.

"Eu e Vaccarezza ficamos sozinhos esgoelando no plenário", lembrou Genoino, referindo-se ao líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP). O líder admitiu ter sido surpreendido com a votação. "Não achei que seria derrotado no fator previdenciário", disse Vaccarezza. Ele apostava na ajuda da oposição para conseguir a vitória.

O ministro Paulo Bernardo, do Planejamento, era ontem um dos críticos na avaliação das decisões tomadas na noite de terça, na Câmara. "Sinceramente, vou levar ao presidente Lula a opinião de que nós deveríamos vetar isso. Acho que deveríamos vetar os dois (fim do fator previdência e reajuste de 7,7%)".

Para o ministro, "não se vota aumento de despesa sem saber se vai ter dinheiro para pagar. Isso é uma questão de responsabilidade institucional. Acho que veto é uma decisão impopular. É uma coisa muito complicada." Irônico, acrescentou: "Trair ou não trair o eleitor é votar as coisas de forma que elas possam ser sustentáveis."

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