4 de dezembro de 2009

Falta consistência a denúncia contra Temer, avalia PMDB

Políticos do PMDB estão convencidos da falta de consistência das duas denúncias contra o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), mas consideram cedo para avaliar se haverá danos à sua pré-candidatura a vice-presidente na chapa da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil).

Temer recebeu a solidariedade de vários parlamentares do PT, do ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e do chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, entre outros. Os petistas avaliam que Temer agiu com rapidez e firmeza, mostrando estar indignado e tomando providências judiciais cabíveis.

Na quarta-feira, veio à tona a notícia de que o nome de Temer é citado 21 vezes em um arquivo secreto da construtora Camargo Corrêa, entre 1996 e 1998, ao lado de valores que somam R$ 345 mil. Os documentos teriam sido apreendidos pela Polícia Federal durante operação Castelo de Areia. Temer afirma que a única doação recebida da empresa foi de R$ 50 mil, na eleição de 2006, que estaria contabilizada.

Na mesma quarta-feira, foi veiculado um vídeo com imagens gravadas por Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais do Governo do Distrito Federal, em que o empresário Alcyr Collaço, dono do jornal "Tribuna do Brasil", cita supostos recursos destinados a Temer e a outros três deputados do PMDB. O governador José Roberto Arruda está sendo acusado pela PF de aparentemente comandar um esquema de corrupção na capital federal.

"Acho de uma vilania sem tamanho", disse ontem Temer, que já havia manifestado "indignação" na véspera. "Meus advogados e eu estamos preparando duas petições. Uma na Justiça de Brasília, com queixa-crime contra o empresário, e outra em São Paulo, para obter todos os documentos apócrifos em que meu nome é citado", afirmou.

No vídeo, Collaço diz a Barbosa que o deputado Tadeu Filipelli, presidente do PMDB do DF, receberia R$ 500 mil. Já Temer, Eduardo Cunha (RJ) e Henrique Eduardo Alves (RN), líder da bancada, R$ 100 mil cada. O vídeo está no pacote entregue por Barbosa à PF, para ajudar na investigação do esquema de corrupção do DF, em troca dos benefícios da delação premiada.

Com relação ao vídeo, o presidente da Câmara, Filipelli, Alves e Cunha divulgaram nota repudiando a citação dos seus nomes e anunciando que irão processar os envolvidos.

Os pemedebistas não fazem acusações diretas, mas suspeitam tratar-se de uma armação que teria partido do grupo do ex-governador Joaquim Roriz (hoje no PSC), que deixou o PMDB por divergências com Filipelli.

"Os diálogos expostos pela gravação são mentirosos e certamente escondem interesses políticos escusos daqueles que já saíram de mandatos pela porta dos fundos e buscam uma vingança sórdida por estarem longe do PMDB", disse Cunha, em sua nota, sem citar nomes. Roriz renunciou ao mandato de senador para escapar de processo disciplinar por envolvimento do seu nome em supostas irregularidades no DF.

Um dos sinais do suposto envolvimento do grupo do ex-governador é que a gravação teria sido feita em 17 de setembro deste ano, um dia após Roriz afastar-se da legenda, diante do cancelamento de uma reunião da Executiva Nacional do PMDB que examinaria pedido de intervenção no diretório do DF, presidido por Filipelli.

"A citação do meu nome em uma conversa de terceiros revela a irresponsabilidade daqueles que, movidos por interesses inconfessáveis, querem obter do meu partido, o PMDB, uma decisão açodada sobre esse momento de crise política do governo local", afirmou Filipelli na nota. Ele marcou reunião da executiva local para segunda-feira, para discutir o afastamento do governo Arruda.

Filipelli defende que a decisão seja tomada "com serenidade", mostrando preocupação com a governabilidade e a continuidade dos projetos estruturantes para o DF ser uma das sedes da Copa do Mundo e para a comemoração dos seus 50 anos.

Henrique Alves considerou "incabíveis e despropositadas" as citações envolvendo seu nome, por pessoas que não conheço "desqualificadas". Como os outros, disse estar "indignado" e que vai tomar as providências jurídicas "visando a reparação".

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