Se é verdade que lavou, tá novo, nada como alguns litros de desinfetante e dez caminhões-pipas para transformar a praça Ramos em cidade cenográfica.
Foi assim que, no sábado, o sol mal saíra e boa parte dos problemas do centro estavam resolvidos (pelo menos ali): fonte cheia e funcionando, passeio inodoro e, com pedidos gentis, sem moradores de rua.
Quase irreconhecível, a praça foi tomada por faixas, grandes bolas coloridas e paulistanos comemorando o aniversário da cidade. Um piano de cauda e violoncelistas completavam o cenário --de novela, é claro.
Tudo para que, por volta das 9h, Alessandra Maestrini e Tuna Dwek assumissem seus postos para gravar cenas da próxima novela das 19h, "Tempos Modernos", de Bosco Brasil.
"O centro já foi revitalizado, como o Soho, como Barcelona. É humano e está esteticamente maravilhoso. Casa com o conceito da novela", diz o diretor-geral José Luiz Villamarim.
Será naquele miolo entre a rua Libero Badaró e o Teatro Municipal que se encontrarão a maioria dos personagens. O núcleo será o edifício Titã, do personagem de Antônio Fagundes, controlado por um computador central chamado Frank.
"É como o Hal de "2001: Uma Odisseia no Espaço", e também nos referimos ao [diretor Stanley] Kubrick em cenas que remetem a "Laranja Mecânica" pelo jeito como foram feitas. Boa parte do público nem nota, mas são coisas que dão uma graça a mais", diz Villamarim.
A mocinha, a astrônoma aventureira Nelinha, será vivida por Fernanda Vasconcellos. "O texto tem humor, mas não vou forçar gracinhas porque o público não é burro", conta. Ela diz não se preocupar em desassociar a imagem da dramática Nanda de "Páginas da Vida" (2006-2007).
"Isso não me incomoda, foco em fazer uma personagem o mais realista possível. Além do que a Nelinha é diferente, mais forte. Não que seja mais fácil. Para mim, fazer rir é tão difícil quanto emocionar." Folha