18 de novembro de 2009

Aécio parte para o tudo ou nada

A aproximação do final do ano e a consequente expiração do prazo imposto pelo governador mineiro, Aécio Neves, para que o PSDB defina seu candidato à Presidência levaram o tucano a partir para uma espécie de tudo ou nada no tabuleiro político de 2010. Nas últimas semanas, Aécio aumentou as viagens pelo Brasil, engrossou o discurso de candidato e, de forma nem tanto discreta, intensificou os ataques à candidatura do governador José Serra, que conta com a preferência do partido, mas hesita em oficializar seu nome como candidato antes de março.

Não passou despercebida pela direção do PSDB frase de Aécio em viagem a Maceió (AL), anteontem, quando afirmou que havia a "possibilidade concreta" de o paulista não ser candidato. Ao semear a dúvida, Aécio alimenta a agitação de aliados, que precisam de um candidato de "carne e osso" para traçar suas estratégias nos Estados. Resultado? Mais pressão em cima de Serra. De lambuja, a incerteza ajuda a corroer o esforço da direção do PSDB na difícil tarefa de amarrar palanques estaduais tendo como lastro duas candidaturas virtuais, enquanto o Planalto vende País afora a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.

Seguindo essa toada, Aécio chegou a dizer na semana passada que era necessário pensar no day after de uma eventual vitória tucana. Deixou no ar que um Serra vencedor poderia causar certo revanchismo em setores da sociedade órfãos do PT.

A mensagem do mineiro é: "Eu sou o candidato da soma." Com base nela, molda o seu discurso e coleciona algumas vitórias, como as declarações de parte do DEM a favor de sua candidatura. O encontro de ontem com Ciro Gomes, desafeto político de Serra, é mais um capítulo dessa estratégia. Ciro aproveita para mostrar independência em relação ao Planalto. Os dois ganham. Aécio pressiona os "nervos de aço" de Serra por uma definição. Não quer ficar com uma indicação manca à Presidência às vésperas da eleição. Escora-se numa característica de Serra difundida à exaustão no PSDB: o conservadorismo do governador na hora da decisão poderia empurrá-lo para uma reeleição garantida em São Paulo.

Pouco provável. Serra é candidatíssimo. Caso não concorra à Presidência, hipótese remota, será em razão da conjuntura política, não das investidas de Aécio. No tudo ou nada, é mais provável que o mineiro fique com a vaga no Senado - e alguma má vontade com a campanha de Serra.

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