4 de junho de 2009

Excepcional melhora do saldo cambial


Podia-se prever uma nítida melhoria do fluxo cambial em maio, com a entrada de capitais externos na Bolsa de Valores. E, de fato, houve um saldo positivo de US$ 3,134 bilhões, o maior desde abril de 2008. Mas a novidade é que o saldo das operações financeiras, de US$ 1,583 bilhão, além de ser o primeiro positivo desde março de 2008, foi maior do que o saldo comercial, que ficou em US$ 1,551 bilhão, com exportações de US$ 12,390 bilhões e importações de US$ 10,838 bilhões. O que se nota é um crescimento expressivo das importações, que se deve à elevação do preço do petróleo.

A grande mudança foi mesmo nas operações financeiras, que apresentavam, na média dos quatro meses anteriores, saldo negativo de US$ 3,242 bilhões. As saídas, de US$ 25,955 bilhões, foram 14% maiores do que a média dos quatro meses anteriores, mas as entradas ficaram 41,1% acima da média.

Não há dúvida de que a valorização do real ante o dólar se deve essencialmente ao aumento das entradas de divisas pelo mercado financeiro. Essas entradas se distribuem, essencialmente, entre operações de bolsa, investimentos diretos e operações de renda fixa, incluindo compra de títulos da dívida do Tesouro.

A sugestão de voltar a taxar com IOF as entradas financeiras não parece ser a melhor. A maior responsabilidade pelo saldo financeiro parece se concentrar nas operações de bolsa, que registraram, em maio, um saldo positivo de US$ 6 bilhões. E elas não permitem uma tributação pelo IOF.

Mas o ponto essencial é que a entrada desses recursos estrangeiros na bolsa é altamente vantajosa: permite sustentar as cotações (o que favorece também os investidores brasileiros) e, em razão disso, torna possível a venda de ações novas das empresas brasileiras na bolsa, compensando deste modo as dificuldades que muitas delas têm encontrado para captar recursos no mercado internacional.

Num período de queda da atividade, os investimentos diretos estrangeiros devem ser atraídos, não se justificando o IOF. Além disso, tributar a compra de títulos da dívida do Tesouro, num momento em que o déficit aumenta, seria absurdo.

A bolsa brasileira não será sempre atraente e as entradas serão seguidas, mais tarde, por saídas, enquanto o aumento das importações poderá afetar a valorização cambial atual. Seguramente, a solução mais lógica é procurar reduzir a taxa de juros a um nível próximo da média mundial.

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