4 de maio de 2009

Brasil oferece retorno mais rápido para investimentos


Entre os países destacados como os de maior potencial de crescimento que compõem o Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), é o Brasil que oferece a possibilidade de retorno a mais curto prazo. Entretanto, o gigante mercado chinês atrai mais investimentos, ainda que com retorno mais demorado, principalmente devido ao tamanho da população. A carga tributária no Brasil também é alta ainda na comparação com o mercado chinês, por exemplo. Estes são alguns dos motivos pelos quais o Brasil e a China se distanciaram em valor de investimentos estrangeiros recebidos nos últimos anos na avaliação de Fabrizio Broggini diretor da consultoria Broggini do Brasil. A consultoria representa na América Latina a Ambrosetti, empresa italiana com atuação em 11 países que dá suporte à processos de internacionalização de companhias.

Há dez anos, de acordo com Broggini, a média de investimentos externos recebidos por Brasil e China, era mais próxima, na casa dos US$ 30 bilhões. No ano passado, o Brasil ficou com cerca de US$ 45 bilhões enquanto que a China recebeu em torno de US$ 90 bilhões.

Apesar disso, e da alta carga tributária - chega a 30,8% no País, ante 3,3% nos EUA, 9,15% na China e 10,5% na Rússia, segundo o empresário -, a percepção que os investidores estrangeiros têm do Brasil mudou. "O País conseguiu transmitir segurança no cenário macroeconômico e político, os fundamentos da macroeconomia melhoraram muito. A maior inimiga brasileira era a inflação, agora está mais fácil fazer cálculos", afirma. "O consumidor brasileiro também já sabe quanto vale um produto e não aceita mais gastar demais" .

De acordo com Broggini, entre os principais interessados estrangeiros em ganhar participação no Brasil estão fabricantes de produtos de consumo que visam principalmente as classes C e D. "Principalmente os investidores chineses estão aumentando o interesse pelo Brasil em diferentes áreas, autopeças, motopeças, químicos, têxtil, vidro, material de construção."

No sentido inverso, o Brasil também tem conquistado mercado na China. Dois exemplos são roupas infantis e lingeries segmentos em que Broggini considera que há ainda muitas oportunidades para o País.

Oportunidade para o Brasil

Uma pesquisa da Ambrosetti sobre o mercado chinês de lingerie mostrou que o consumo médio per capita de roupas íntimas femininas saiu de duas peças para seis em 2007, a estimativa é de 10 peças em 2010. A taxa média de crescimento anual varia entre 20% e 30%, para uma média anual de 5% no resto do mundo. A expectativa é de que essas taxas permaneçam alta por mais 5 ou 7 anos.

As marcas locais detém entre 50 e 55% do mercado na faixa intermediária de preços enquanto que marcas internacionais ficam com os produtos de maior valor. "O consumo per capita na China é estimado em 25,1 para 2011. Se considerarmos uma população de 400 milhões de consumidoras ativas estamos falando 10 bilhões", diz Anderson Fragnani, analista da Broggini.

No Reino Unido, um mercado já maduro e hoje o maior consumidor mundial, a expectativa é de um consumo per capita para 2011 na casa de 138,7, na França, o segundo maior mercado, a previsão é de 137,1. As vendas de lingeries do Brasil para a China ainda são tímidas, de acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções (Abit) em 2008 foram US$ 29,2 mil e 165 quilos de produtos, no ano anterior havia sido de US$ 5,8 mil e 42 quilos de produtos. A exportação total de lingeries brasileiros somou US$ 23,6 milhões no ano passado.

Quanto aos investimentos locais, mesmo que em um primeiro momento algumas companhias prefiram a China, o mercado brasileiro não deve ser deixado de lado. "O investimento em um dos Brics não exclui os outros, o interesse das empresas em geral é estar presente em todos esses mercados demograficamente importantes e que oferecem incentivos fiscais", afirma Broggini.

O empresário, entretanto, diz identificar uma clara tendência de protecionismo em vários países devido à crise financeira mundial, mas avalia que a médio prazo - entre 8 e 12 meses - essa tendência pode resultar em um retrocesso tecnológico para vários desses mercados.

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