Sob o título "Brasil, um gigante desperta", um encarte publicitário da revista americana "Foreign Affairs", do bimestre janeiro/fevereiro, traz dez páginas onde destaca o avanço do país na área econômica, antes da crise, e apresenta a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, como virtual candidata à Presidência em 2010. Dilma é destacada como "economista e política do partido de Lula e chefe do staff do presidente desde 2005". Ela diz, na publicação, que a estabilidade se dá porque muitos pobres foram incorporados à economia. Dilma ainda é citada em outra matéria, de uma página, sobre energia. Ao fim da reportagem, é apontada como "likely contender", isto é, virtual candidata à Presidência em 2010.
O encarte aborda a estabilidade monetária e política e dá um panorama sobre grandes empresas, como a Vale e a Petrobras, e números positivos da Confederação Nacional da Indústria. Contém uma página de publicidade do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), outra da Petrobras e uma entrevista com a presidente da Embratur, Jeanine Pires, inclusive com o logo da empresa. A reportagem, preparada pela Strategic Media da revista, destaca, em uma página, o Rio de Janeiro, com entrevista do governador Sérgio Cabral, e cita o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso como autor da ação de estabilização econômica.
A Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto nega que o governo tenha patrocinado a publicação. Outras seis empresas ou organizações privadas também anunciaram, entre elas a CNI, a Federação do Comércio de São Paulo, e indústrias de biodiesel, energia e saúde.
O encarte contém uma foto do presidente Lula e uma do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, com destaque para uma frase deste: "A grande vantagem do Brasil ter adotado uma política fiscal e financeira conservadora é que temos reservas suficientes e estabilidade para enfrentar a crise que está afetando todo mundo."
Uma frase é atribuída a Lula, mas a revista deixa claro que não o entrevistou: "O Brasil ainda está firme porque fizemos o que devíamos ter feito". Como não poderia deixar de ser, o encarte afirma que o ponto central do governo de Lula é o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A "reportagem" envolvendo ações do governo tem duas páginas.
O Globo