21 de janeiro de 2009

Brasil deixa árabe boquiaberto com álcool eficiente


É consenso mundial que as energias renováveis são o destino obrigatório do setor energético. "Enquanto todos ainda estão discutindo o futuro de suas matrizes energéticas para transformá-las em mais limpas, o Brasil segue tranquilo com mais de 60% da sua matriz oriunda de fontes renováveis", afirma Carlos Cavalcanti, diretor de energia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e que está representando a entidade no maior evento de energia do mundo, o World Future Energy Summit, realizado em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes. "Desta forma, o Brasil está antecipando a energia do futuro", afirma o executivo.

Os Emirados Árabes, por exemplo, têm a meta de chegar em 2020 com 7% da sua matriz renovável, segundo informou ontem o Sultan Al Jaber, presidente da estatal Abu Dhabi Future Energy Company. Além da intenção de ampliar a participação das fontes limpas em sua matriz, que hoje é baseada em térmicas movidas a óleo (o país tem abundância de petróleo), os Emirados Árabes querem ser exportadores de tecnologias limpas para geração de energia, por isso está sediando este evento pelo segundo ano consecutivo. "O Brasil está muitos passos a frente dos outros países", comenta Cavalcanti. O diretor da Federação também critica as previsões de muito longo prazo para a concretização de projetos de geração de energia limpa no mundo. "É muito bonito dizer que daqui 30 anos nós teremos carros elétricos, energia eólica barata e fontes solares eficientes, mas é preciso agora, fazer algo imediato, o Brasil é um exemplo de que é possível", argumenta.

Em meio aos turbante e burcas (roupa usada pelas muçulmanas), além do diretor da Fiesp, o evento teve a participação de outros 15 brasileiros, entre eles Eduardo Leão, diretor-executivo da União Brasileira dos Produtores de Cana-de-Açúcar (Unica), que fez uma apresentação no painel de biocombustíveis. Com dados já conhecidos pelos brasileiros, como a redução da emissão de carbono na atmosfera por conta da ampliação do uso do álcool depois da tremenda expansão da frota de carros flex fuel, Leão deixou a platéia boquiaberta. "Para ilustrar os benefícios ambientais do etanol de cana-de-açúcar em relação à gasolina, de março de 2003, quando foram lançados os carros flex-fuel no Brasil, até o final do ano passado, a frota de veículos flex deixou de emitir mais de 43 milhões de toneladas de CO2", disse o diretor para iniciar a sua palestra. Depois de discorrer sobre outras informações, como por exemplo a de que as usinas sucroalcooleiras no Brasil produzem açúcar, álcool e eletricidade, um árabe surpreso, sentado na primeira fileira, levanta a mão e pergunta: "Senhor, mas quanto custa o litro do álcool no Brasil? Com a queda no preço do barril, com certeza vale mais a pena usar gasolina".

Carlos Cavalcanti usa o fato para exemplificar, mais uma vez, a antecipação do Brasil em relação às fontes energéticas. "A tecnologia brasileira para produzir etanol é fantástica, não há país no mundo com as condições que nós temos, afinal, podemos produzir álcool e eletricidade a partir da cana sem prejudicar a nossa produção de alimentos", diz. E não para por aí. Segundo estudo feito pelo departamento de energia da Fiesp e apresentado durante a feira World Future Energy Summit, o Brasil é capaz de produzir muito mais. "Pegamos os 25 países que mais consomem gasolina e fizemos a conta de quando o Brasil tem que plantar a mais de cana para adicionar 10% de etanol na fórmula do combustível fóssil demandado por estas nações", detalha. O documento mostra que mesmo com a expansão da plantação, o volume ainda é inócuo já que o Brasil detém dimensões continentais. "Seriam 15 milhões de hectares a mais de plantação e, ressalta, o bagaço ainda pode virar energia", diz. Agência Brasil

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