O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, e o presidente do Banco Itaú Unibanco, Roberto Setubal, contestaram ontem prognostico de crescimento de apenas 0,8% da economia brasileira este ano, publicada pelo Institute of International Finance (IIF), que representa os maiores bancos do mundo. O prognóstico dos bancos internacionais foi o mais pessimista até agora feito sobre o desempenho da economia brasileira para 2009. Os menos favoráveis no Brasil apostam em crescimento de 1,5%.
Mas Setubal, que é vice-presidente do IIF, disse que o calculo foi feito antes da injeção de R$ 100 bilhões de recursos suplementares fornecidos pelo Tesouro ao BNDES. Segundo ele, o impacto desses investimentos pode subir pelo menos 1 ponto no PIB e o Brasil "muito possivelmente, em função desse pacote, pode ter expansão próxima de 2%''.
Coutinho prometeu aos banqueiros, ontem em Zurique, que eles vão ter uma "bela surpresa, porque o Brasil vai crescer entre 2% e 3%". Ele enfatizou "a munição e disposição" do BNDES de apoiar todo o processo de investimento em curso e novas decisões de investimentos que venham a ser tomadas pelo setor privado ou pela oferta de novas infra-estruturas em concessões. Ele revelou que pelo menos 80% dos R$ 100 bilhões vão financiar investimentos, e o restante será só transitoriamente destinado a linhas de capital giro. Mas sua expectativa é de que a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil reduzam seus spreads e ampliem as linhas de giro, desonerando o papel do BNDES nesse tipo de operação. Também deixou claro que qualquer empresa que se dispunha a investir num quadro macroeconômico de incerteza precisa receber apoio. "A decisão de investimentos é algo precioso no momento de grandes incertezas e não há intenção de priorizar A, B ou C."
Salientou que o BNDES já tem, entre operações contratadas, aprovadas e enquadradas, algo equivalente a R$ 90 bilhões de desembolso em 2009. O banco dispunha de R$ 67 bilhões de recursos, e agora com mais RS$ 100 bilhões terá liquidez "mais que suficiente'' para atravessar todo o ano de 2009 e metade de 2010.
Coutinho destacou que a queda da venda de automóveis está sendo revertida em janeiro, numa recuperação relevante. E que a construção residencial foi menos afetada do que se imagina, com amplo efeito sobre o emprego. "Estou muito otimista sobre o Brasil, ponto final'', disse William Rhodes, diretor do combalido Citibank. Valor Econômico