3 de dezembro de 2008

De novo? Políticos têm recaída por ambulância




Após dois anos de constrangimento, por causa do escândalo dos sanguessugas, voltou a ser expressivo o volume de emendas destinando recursos expressamente à compra de unidades móveis de saúde. O valor total das emendas para compra de ambulâncias em 2006 chegou a R$ 34,5 milhões. Naquele ano, foi descoberta e dissolvida a máfia das ambulâncias. Em 2007, foi destinado apenas R$ 1,5 milhão para a compra de unidades móveis de saúde. Neste ano, o valor subiu para R$ 3,6 milhões. Para o Orçamento de 2009, o valor total chega a R$ 10,3 milhões.

Os deputados Mário Couto (PSDB-PA) e Mauro Nazif (PSB-RO) apresentaram emendas no valor de R$ 1 milhão para aquisição de ambulâncias nos municípios dos seus estados. Vic Pires Franco (DEM-PA) apresentou emendas no valor total de R$ 488 mil para a compra desses veículos em quatro municípios do Pará. A emenda de maior valor foi apresentada pela bancada do Rio Grande no Norte: R$ 6 milhões. O dinheiro também poderá ser utilizado para aquisição de equipamentos, materiais permanentes e reforma de instalações.

Franco reconhece que o escândalo dos sanguessugas constrangeu os parlamentares: “Houve um constrangimento, porque os deputados envolvidos apareceram em todos os jornais. Talvez tenha sido por isso que houve essa redução”. Mas ele argumenta que a aquisição desses equipamentos deve ser encarada com naturalidade: “É um absurdo você se acovardar. Se você não tem nada a ver com isso, se não apresentou emendas para essa gangue, não tem por que não apresentar agora. Isso foi bastante investigado. Quem realmente se envolveu com o esquema apareceu. No Pará, temos uma situação complicada, precisa realmente. Quando os prefeitos me pedem, eu apresento as emendas”.

“Coisa viva”
O deputado Wandelkolk Gonçalves (PSDB-PA), que apresentou uma emenda no valor de R$ 800 mil para compra de ambulâncias nos municípios paraenses, concorda com Franco: “No primeiro ano, não coloquei por constrangimento mesmo. Estava muito viva aquela coisa. Eu chegando, atropelado, não quis apresentar. Agora, o governo do estado construiu cinco hospitais regionais. Apresentei emendas para a compra UTIs, para fazer a conexão entre os hospitais e os municípios”.

Os cinco deputados citados na CPI dos Sanguessugas e reeleitos em 2006, João Magalhães (PMDB-MG), Pedro Henry (PP-MT), Wellington Fagundes (PR-MT), Wellington Roberto (PR-PB) e Marcondes Gadelha (PSB-PB) optaram por não apresentar emendas para a compra de unidades móveis. Os processos contra eles foram arquivados no Conselho de Ética da Câmara. Uma das emendas de Gadelha destina recursos para “estruturação da rede de serviços de atenção básica de saúde”. O dinheiro poderia ser usado na compra de ambulâncias, mas ele informa que irá para equipamento de postos de saúde. Gato escaldado…

Uma das emendas de Henry destina recursos para a serviços de atenção básica de saúde no Mato Grosso. O deputado não foi encontrado ontem para informar se o dinheiro será utilizado na compra de ambulâncias.

A máfia dos sanguessugas, liderada pela família Vedoin, dona da Planam, movimentou R$ 110 milhões em seis anos. Os parlamentares que apresentavam emendas para favorecer o esquema recebiam propina de 10% do valor negociado.

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