3 de setembro de 2008

Pré-sal vai render R$ 2 trilhões


Após a primeira extração simbólica de petróleo da camada pré-sal no campo de Jubarte (ES), o presidente Lula projetou investimentos de R$ 2 trilhões na economia até 2017. O tamanho real das reservas descobertas, porém, ainda é incerto. Estudos solicitados pelo governo para definir as regras da nova fronteira alertam para a falta de recursos para processar o petróleo.

Mesmo sem saber quanto petróleo há ao todo nas reservas, governo estima investimentos até 2017

Depois de repetir o gesto da auto-suficiência feito em 2006 e molhar as mãos no primeiro petróleo extraído do pré-sal no campo de Jubarte, a 77 quilômetros da costa do Espírito Santo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse duvidar que em 500 anos de história do Brasil "alguém tenha vivido um momento" como aquele. Apesar de o tamanho real das reservas a mais de 4 mil metros de profundidade ainda ser desconhecido, Lula já espera investimentos vultosos na economia brasileira até 2017 com a exploração dos cinco blocos do pré-sal: R$ 2 trilhões.

A magnitude das cifras fez com que a polêmica da discussão sobre os royalties aflorasse novamente. Durante a solenidade numa casa de festas, em Jardim Camburi, na tarde de ontem, a ministra Dilma Rouseff, chefe da Casa Civil, defendeu a aplicação dos recursos na educação e disse que o país precisa recuperar o tempo perdido.

– A riqueza do pré-sal precisa ser aplicada na educação, porque foi através do conhecimento que chegamos a esta descoberta – disse. – Precisamos pensar ainda que para o desenvolvimento do nosso país, além de precisarmos investir em educação, é preciso que o petróleo não seja apenas um produto extraído, mas usado para a produção, para construirmos as nossas plataformas, equipamentos e máquinas usados no processo, gerando emprego e renda para o país. Assim se constrói o desenvolvimento.

Tiro no escuro

O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, pegou carona no discurso da ministra e não hesitou em pedir a Lula, com quem conversou durante quase toda a solenidade, uma participação maior dos royalties para os Estados:

– O petróleo saltou de 3% para 10% da participação do PIB do nosso país. Nosso Estado o segundo produtor de petróleo e o primeiro em gás natural, com 20 milhões de metros cúbicos por dia. É claro que a participação e os royalties sejam revistos e aumente as participações para o Estado como para a União.

Mesmo com as indiretas, o presidente desconversou e disse que enfatizou a importância de se estabelecer políticas aliadas em todos os Estados.

– O importante é pensarmos como um todo, no povo. Quando há uma disputa política, quem sai mais prejudicado é o povo. O objetivo é usar os recursos do pré-sal para acabar a pobreza e para pagar a nossa dívida com a educação – retruca Lula, ao se mostrar favorável ao apelo de Dilma Rousseff.

Lula destacou que o volume de óleo de Jubarte não pode ser considerado um tiro no escuro, como anunciado na imprensa nos últimos dias. O presidente deixou claro que a extração em Jubarte, embora seja um experimento para Tupi, na Bacia de Santos – um projeto mais ambicioso estimado de cinco a oito bilhões de barris – representa uma nova era econômica do país.

– A Petrobras tem tecnologia e estudos suficientes que desmentem as informações sobre o volume existente em Jubarte. Nosso petróleo é de boa qualidade e aproveito para deixar um recado: o Brasil não vai ficar limitado a exportar apenas o óleo, mas também produtos com maior valor agregado. Esse momento marca uma nova era do nosso Brasil, uma era de desenvolvimento – diz o presidente que recebeu das mãos de dois funcionários da Petrobras uma mostra dos 18 mil barris retirado da camada pré-sal no Teste de Longa Duração (TLD) na manha do mesmo dia, na plataforma P-34, a 77 quilômetros da costa.

Apesar de a Petrobras encomendar algumas sondas e plataformas no exterior, Lula defendeu que as encomendas sejam feitas no Brasil. Segundo Lula, fazer sondas no exterior geraria economia de US$ 100 milhões, e a opção de construir no Brasil gera tecnologia, emprego, renda e desenvolvimento.

O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, destacou que o Brasil passa pelo terceiro momento histórico da produção de petróleo.

– Tivemos o primeiro momento com a descoberta do petróleo no país, em 1939, na Bahia, depois quando atingimos a auto-suficiência, em 2006, e agora com a descoberta do pré-sal. Posso afirmar que este o mais significativo – avalia Gabrielli.

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