Diante do aumento na demanda por pedreiros, pintores, carpinteiros etc, a Secretaria Estadual do Emprego e Relações do Trabalho de São Paulo (Sert-SP) fez um levantamento em todo o Estado para diagnosticar as necessidades de cada setor. Um dos resultados desse trabalho, finalizado em março deste ano, é a abertura, no mês que vem, de cursos de capacitação para construção civil, em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).
Serão oferecidas cerca de 3 mil vagas em cursos de eletricista, montador de andaime, pedreiro, carpinteiro, armador e encanador, entre outros, das quais 60% já estão preenchidas. Os cursos têm 200 horas em média e estão disponíveis apenas para pessoas desempregadas entre 20 e 60 anos. "Achamos que temos de dar oportunidade primeiro para as pessoas que não estão conseguindo entrar no mercado de trabalho", diz Juan Sanchez, coordenador do Programa Estadual de Qualificação Profissional (PEQ) da Sert-SP.
Na mesma linha, o governo federal está buscando um acordo com o Senai para oferecer 185 mil vagas em cursos na área da construção para pessoas beneficiadas pelo Bolsa Família. A intenção é conseguir garantia com as empresas de que parte desses profissionais serão contratados, criando uma oportunidade de saída do programa assistencial. O Senai está analisando a proposta e deve se definir até a segunda semana de setembro, segundo a assessoria de imprensa da instituição. O Senai já oferece cerca de 120 mil vagas em todo o país na área da construção em cursos que vão de aprendizes a tecnólogos.
A urgência das empresas, porém, faz com que além dessas inciativas seja necessário investir, elas mesmas, em qualificação. O formato de capacitação no próprio canteiro de obras é o mais comum, processo que otimiza o tempo e garante manter a produtividade do trabalho.
A construtora Rossi detectou este ano a falta de pessoas que soubessem trabalhar com alvenaria estrutural, que é uma técnica de construção com grandes blocos de concreto. A empresa, então, implementou no canteiro de obra do empreendimento Villa Flora, localizado em Sumaré, região de Campinas, o curso de assentamento de blocos. A iniciativa foi chamada de "Escola Bom Pedreiro" e a Rossi já formou três turmas com 10 a 15 alunos. "Esse é um trabalho de planejamento, porque a mão-de-obra vem em abundância, mas sem capacitação", diz Alcides Gonçalves, diretor de engenharia da empresa.
"A carreira da construção civil se faz durante o trabalho, se não tem experiência, entra para trabalho de base", diz Deborah Carceles, gerente de treinamento e desenvolvimento da Camargo Corrêa, empresa que sempre trabalhou com essa forma de treinamento. Ela explica que a figura do encarregado é uma das principais características desse modelo de gestão. "O conhecimento é transmitido, assimilado e aplicado diretamente em prol de resultados do trabalho", diz. Dessa forma ela acredita que o esforço de adequação da mão-de-obra menos experiente tem tido sucesso.
Com o aumento das obras, há um ano a Equipav vem retomando parcerias com redes de capacitação para implementar cursos no próprio canteiro. "Quando as obras são pequenas, esses cursos ficam onerosos, mas eles também são importantes para dar oportunidade para quem está na base crescer", diz Labieno Mendonça, diretor-superintendente empresa.
Desde 2006, o investimento da OAS na sua escola de capacitação, projeto iniciado em 2001, tem crescido 30% ao ano. Segundo Carlos Geraldo Magalhães, diretor de gestão corporativa, as pessoas sem experiência no setor são contratadas como serventes e no decorrer da obra vão se capacitando para assumir outras funções. "Ainda tem muita gente querendo ter emprego com carteira assinada, e isso atrai novos trabalhadores para o setor. Aos poucos eles vão sendo qualificados."