O empresário Humberto Braz, braço direito do banqueiro Daniel Dantas, do Banco Opportunity, ficou calado em depoimento, ontem, à Justiça Federal em São Paulo, segundo o procurador Rodrigo De Grandis. Braz, Dantas e Hugo Chicaroni respondem a processo por corrupção por tentar subornar um delegado da Polícia Federal.
– Ele exerceu o direito de permanecer em silêncio – afirmou o procurador, ao deixar o Fórum Criminal Federal.
Segundo a assessoria da Justiça Federal, Braz chegou para depor por volta das 12h30 em um camburão. Ele estava algemado e foi acompanhado até o auditório para a audiência por policiais federais.
Acompanharam o depoimento o procurador da República Rodrigo De Grandis, o advogado de Braz, Renato Moraes, o advogado de Daniel Dantas, Nélio Machado, além de dois escrivães.
Moraes já havia dito que seu cliente somente falaria no depoimento caso a defesa tivesse acesso à transcrição do vídeo em que ele supostamente aparece tentando corromper um delegado da Polícia Federal.
Transcrição
Moraes já solicitou à Justiça o acesso à transcrição:
– Depende desse requerimento, se a transcrição vier. E a transcrição, segundo o próprio delegado da PF que procedeu a interceptação ambiental, estava sendo feita. Se estiver nos autos, a defesa vai analisar e vai orientá-lo (Braz) da melhor forma possível – acrescentou.
A defesa afirma não haver nenhum diálogo entre Dantas e Braz tratando de propina ao delegado da PF Vitor Hugo Rodrigues Alves Ferreira.
– Não há nenhum diálogo entre Daniel Dantas e Humberto Braz que mencione propina ao delegado – afirmou. – Qualquer interpretação nesse sentido ela é unilateral da Polícia Federal.
O delegado investigava supostos crimes cometidos pelo banqueiro, apontados na Operação Satiagraha, da Polícia Federal. O juiz federal Fausto De Sanctis, da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, aceitou denúncia contra Dantas, Braz e Hugo Chicaroni pela suposta tentativa de corromper o delegado.
Em julho, a Polícia Federal indiciou o banqueiro e mais nove pessoas investigadas na operação, que apura crimes financeiros. Eles foram indiciados sob acusação de gestão fraudulenta e formação de quadrilha.
Deflagrada em 8 de julho, a operação resultou na prisão de Dantas, do investidor Naji Nahas, do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta e de mais 14 pessoas suspeitas de integrarem a quadrilha.
Eles, no entanto, foram soltos por decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que concedeu habeas corpus para responderem oem liberdade. As investigações começaram há quatro anos.