28 de julho de 2008

Seguradoras criam novos serviços após a lei seca


A lei seca, que pune com rigor quem dirigir alcoolizado, já provoca reflexos no mercado segurador. Projeções de alguns especialistas indicam que o preço do seguro de carros pode cair até 20% por conta da redução dos acidentes e batidas. Enquanto os preços não baixam, as seguradoras oferecem serviços para permitir que quem tomar umas a mais consiga voltar para casa sem perder a carteira de motorista ou pagar R$ 957,70 de multa.

Na SulAmérica, a procura pelo serviço chamado "motorista amigo" cresceu mais de dez vezes somente nas últimas quatro semanas. Nesse serviço, o cliente liga para a seguradora, que envia um motorista para o local onde o segurado está. É este motorista que leva o cliente para casa. Segundo Carlos Alberto Trindade, vice-presidente de auto e massificados da SulAmérica, a seguradora já pensa em ampliar o serviço, aumentando, por exemplo, o número de vezes que o segurado pode utilizá-lo.

Na Porto Seguro, a maior seguradora de automóveis do país, cresceu a procura por um serviço diferente. Lá, o motorista que tomou umas a mais tem à disposição um serviço de guincho e ganha até um lanchinho. O cliente vai junto com o guincho, que reboca o carro do segurado para a casa. Marcelo Sebastião, diretor de produtos de automóveis da Porto Seguro, conta que a procura pelo serviço aumentou nas últimas semanas. Segundo ele, dependendo do plano do seguro de carro, o cliente pode utilizar o serviço ilimitadamente.

Os dados oficiais indicam forte queda dos acidentes com vítima no primeiro mês de vigência da lei seca. No Estado de São Paulo, houve queda de 30% na primeira quinzena de julho, quando comparado a igual período do ano passado. Dados preliminares dos hospitais paulistas indicam queda de mais de 50% no atendimento a vítimas de acidentes.

Os acidentes representam cerca de 20% a 25% da composição do preço do seguro de carro. Ricardo Saad, diretor geral da Bradesco Auto/RE (a seguradora de carros do banco), diz que os preços do seguro podem cair, mas apenas se houver um manutenção desses números de queda dos acidentes. Ou seja, se for uma redução apenas momentânea, por causa do maior rigor na fiscalização, praticamente não deve haver influência nos preços.

Leoncio de Arruda, presidente do Sincor-SP (Sindicato dos Corretores de São Paulo) estima que a queda do preço possa ficar entre 10% e 20% e não deve vir já. Ele estima um prazo de três a seis meses para as seguradoras avaliarem a redução das batidas e acidentes em suas carteiras.

Trindade, da SulAmérica, conta que já houve na seguradora uma redução na frequência de batidas e no valor médio dos sinistros. Normalmente as batidas de carros dirigidos por pessoas alcoolizadas são as mais destrutivas. "Se esse movimento se consolidar, vai se refletir no preço ao longo do tempo", diz ele.

A Superintendência de Seguros Privados (Susep) ainda não tem estatísticas do período em que a lei seca entrou em vigor. Os dados mais recentes são de maio. A sinistralidade nos cinco primeiros meses do ano está em 65,3%, praticamente o mesmo nível de igual período do ano passado (64,7%). No Rio, houve uma queda significativa, de 75% para 68%. Enquanto em São Paulo, pouco mudou (74% para 73%). Gustavo Mello, sócio da corretora Correcta Seguros, diz que no Rio a sinistralidade em baixa já é um indicativo que os preços podem cair ainda mais.

O mercado de seguros de automóveis é o mais disputado do mercado. No ano passado, por conta da forte concorrência, já ocorreu uma redução de preços, que ficou na casa dos 15%. Por conta disso, os prêmios com as vendas do seguro tiveram queda real em 2007, movimentando R$ 13,5 bilhões. Este ano, voltaram a se recuperar. Cresceram 10% e movimentaram R$ 6 bilhões até maio. Estima-se que só 30% da frota nacional seja segurada.


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