27 de junho de 2008

Ex-vereador do PSDB integra máfia das CNHs


O ex-vereador e presidente do PSDB no município paulista de Guará, Erasmo Chagas, foi preso na tarde de ontem por suspeita de ligação com a máfia das carteiras de habilitação. Em depoimento à polícia, ele confirmou que o esquema desarticulado no início do mês pelo Ministério Público Estadual (MPE) e pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) funcionava com o pagamento mensal de R$ 30 mil à Corregedoria do Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Outros R$ 45 mil, segundo Chagas, seriam destinados a "um senhor chamado Cazé". A Delegacia Seccional de Ferraz de Vasconcelos foi chefiada pelo delegado Carlos José Ramos da Silva, conhecido como Cazé, até maio deste ano.

O político admitiu ainda ter se reunido com assessores da Secretaria da Segurança Pública para pedir a transferência da jurisdição da Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran) de Guará da Delegacia Seccional de Franca para São Joaquim da Barra, onde tinha "amigos". Os promotores do Grupo de Atuação Especial e Repressão Crime Organizado (Gaeco) de Guarulhos suspeitam que Chagas chegou até a distribuir carteiras de habilitação em troca de votos. "Ele confirma que, em alguns casos, vendia os documentos por R$ 1.200", disse o promotor Marcelo Oliveira, do Gaeco.

O contato de Chagas com a quadrilha era a empresária Elaine Gavazzi, dona de auto-escolas em Ferraz de Vasconcelos. Foi com ela que o político acertou a compra da carteira de habilitação de Joal da Silva. Analfabeto, ele assinava o documento com letra legível. Pior: a pessoa que assinou por Joal errou o nome, escrevendo João.

O nome de Chagas foi citado durante conversa interceptada pela Operação Carta Branca em 14 de fevereiro. No diálogo de quase 6 minutos, Elaine conversa com Paulo Luiz Batista, funcionário da Ciretran de Ferraz, sobre a venda da carta para Joal. A empresária diz que "como está dando problema, e os delegados da região são amigos do Erasmo, ele irá resolver os problemas". Em outro trecho, ela é taxativa: "Erasmo vai transferir para a cidade onde o delegado é amigo dele". Ao fundo, a gravação mostra o ex-vereador confirmando a informação repassada por Elaine.

Chagas não é o primeiro político citado durante as investigações que levaram mais de 20 pessoas - entre delegados, investigadores, psicólogos e empresários - para a cadeia. O chefe de gabinete do líder do PTB na Assembléia Legislativa, Carlos Thadeo, o professor Thadeo, pediu demissão depois de ter seu nome envolvido no esquema. Ele aparece em escutas telefônicas comemorando a permanência de Marcos Vinícius Coelho, o Marcão, funcionário da prefeitura de Ferraz cedido à Ciretran da cidade.

O assessor político também mantinha contatos periódicos com o empresário Nasser Abdel Hadi Ibrahim, apontado pelo Ministério Público como o responsável pela lavagem do dinheiro obtido pela máfia das carteiras. Em diálogo interceptado em 26 de março, Nasser telefona para Thadeo para parabenizá-lo pela permanência de Marcão.

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