6 de maio de 2008

Investimento no Brasil, vão baratear crédito


A promoção do Brasil a grau de investimento beneficiará a população com a concessão de crédito mais barato, ao atrair “capital de qualidade” para o país, na definição do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Trará ainda investimentos de longo prazo, como os negócios imobiliários. O economista José Carlos de Assis, porém, considera que o novo nível é um seguro para o capital especulativo. A Bolsa de Valores bateu novo recorde – atingiu a marca inédita de 70.174,88 pontos, com alta de 1,17%.

Analistas avaliam que grau de investimento conquistado pelo país deve reduzir juros para consumidor

Depois da euforia com a reclassificação do Brasil pela agência americana Standard & Poor’s, o grau de investimento também trará benefícios ao cidadão comum. O principal deles, apontam especialistas, é um crédito mais barato. A médio e longo prazo, dizem eles, a nota abre caminho para investidores institucionais que privilegiam investimentos mais consistentes e duradouros, e que de certa forma, contribuirão para a redução da taxa básica de juros para compra da casa própria ou de um carro, por exemplo.

Ontem, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, frisou novamente a importância do capital que aporta no país, a partir de agora, em comparação aos investimentos de antes da reclassificação.

Capital especulativo

Segundo Meirelles, a nota da S&P vai privilegiar investimentos de longo prazo, que não podem ser comparados ao capital especulativo, o chamado smart money – capital de curto prazo.

– O capital investido no país tende a ser de melhor qualidade. Nas aplicações de mercado financeiro, ele tende a ter um prazo de permanência maior. Além disso, tendem a aumentar os investimentos diretos – disse o presidente do BC.

Meirelles, no entanto, negou-se a dar previsões sobre o volume de recursos no qual o Brasil deverá receber a partir do grau de investimento.

Ao comentar a nota, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva relembrou a famosa frase, dos tempos da ditadura militar:

– Ninguém segura este país.

Depois, em entrevista à TV Cultura, Lula acrescentou:

– Primeiro, quero que entrem todos os dólares do mundo dentro do Brasil. Segundo, acho que nós temos que ter mecanismos para não misturar o dólar que entra para o setor produtivo, com o dólar que vem para a especulação.

Para Gilberto Braga, professor de Finanças do Ibmec, o cidadão comum vai perceber as mudanças de forma indireta, com um crédito mais barato. As empresas, que antes tomavam empréstimos no Brasil, de "financiadores nativos" como BNDES, passam a ser financiadas pelos investidores internacionais.

– A médio e longo prazo, a abertura de capital, que não é especulativa, vai pressionar a taxa básica de juros, porque o Risco País é mais baixo – explicou.

O economista do Banco Modal Asset, Tomás Goulart, concorda que o principal impacto é o barateamento do crédito no Brasil.

– Maior oferta de crédito facilitaria a cobrança de menores tarifas – analisou Tomás.

Mas, segundo Carlos Cintra, gerente de renda fixa do Banco Prosper, isso não acontecerá tão rapidamente. Dependerá ainda das notas das agências Fitch Ratings – esta já acenou para uma possível reavaliação da nota brasileira – e Moody’s. Para ele, a nota é apenas o aval para começar a corrigir problemas sérios, como diminuir carga tributária e gasto público. E como a inflação ainda não está dominada, o executivo ainda prevê aumento da taxa de juros até o fim do ano.

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