30 de maio de 2008

Fitch promove Brasil


Um mês após a Standard & Poor’s, a agência Fitch dá à economia brasileira a chancela de porto seguro para se investir.

CREDIBILIDADE

Melhora da economia é reconhecida por mais uma agência de risco, que eleva o país a grau de investimento. Apesar da melhora na nota, especialistas descartam a entrada maciça de dólares. Bolsa fecha em queda

O Brasil recebeu mais um carimbo de bom pagador e, no jargão do mercado financeiro, agora também é investment grade (grau de investimento) na avaliação da agência de risco Fitch Ratings. Em movimento semelhante ao da Standard & Poor’s, há um mês, a nota do país passou de BB+ para BBB-, isso significa que deixou de ser considerado um ambiente “predominantemente especulativo” e passou a ter “qualidade média”.

O mercado, no entanto, já antecipara o elevação na nota da Fitch na véspera, dia em que a Bovespa teve alta superior a 3%. Ontem, a bolsa chegou a subir 1% após o anúncio da agência, mas acabou fechando em queda de 1,87%. Na prática, os investidores aproveitaram a quinta-feira para realizar lucros. O dólar, que já operava em queda, encerrou o dia na menor cotação desde janeiro de 1999, a R$ 1,63.

As justificativas da Fitch para a elevação na nota praticamente repetem as considerações feitas pela S&P no final de abril. Segundo a agência, a mudança “reflete uma melhora dramática das balanças pública e externa, que tem reduzido a vulnerabilidade brasileira ante os choques externos e cambiais e fortifica a estabilidade econômica e reforça suas previsões de crescimento”. Além disso, “as autoridades têm estabelecido um caminho de compromisso com a inflação baixa e com o superávit primário, que vêm eliminando as antigas preocupações sobre a sustentabilidade fiscal no médio prazo.

Às agências de risco interessa saber se um país ou uma empresa tem capacidade de honrar os compromissos que assumiu. A graduação, porém, é grande. A escala de letrinhas que define quão bom pagador é o avaliado chega a ter 20 degraus. No caso da Fitch, por exemplo, o Brasil ainda precisa subir oito deles para chegar ao nível de risco mínimo, como os Estados Unidos.

O longo caminho não desmerece a elevação da nota. “Ainda que não haja novidades em relação ao que já tinha dito a S&P, do ponto de vista do ingresso de capitais faz alguma diferença. Há muitos fundos de investimento que precisam da segunda nota para poder apostar no país”, diz o estrategista sênior de investimentos do Banco WestLB, Roberto Padovani.

Mas que não se espere a chegada de navios abarrotados de moeda forte de uma hora para outra. “Não se verá uma enxurrada de dólares, até pela crise de liquidez internacional. Para o mercado, não é novidade que o Brasil está melhor, basta que se veja o forte fluxo para a bolsa brasileira no ano passado. O investment grade, em si, é mais formal que um grande benefício para o país”, acredita o economista do Banco Real Cristiano Souza. Ou, como resume o economista-chefe do banco BNP Paribas, Alexandre Lintz, “a nota consolida o sentimento de que a política macroeconômica está na direção certa”.

A própria Fitch lembra, porém, que há mais para ser feito. “Chegamos no primeiro grau de investimento, mas ainda tem muito para melhorar”, disse o diretor-executivo da agência no país, Rafael Guedes, em entrevista à televisão. “Nós simplesmente mudamos de um apartamento em um cortiço e chegamos em um edifício. Mas nós estamos no menor apartamento e no primeiro andar”, completou, lembrando que a nota brasileira continua menor do que a de outros países da América Latina, como México e Chile.

O Brasil, agora, espera a terceira nota, da agência Moody’s — que junto com Fitch e S&P forma a tríade mais relevante quando o tema é nota de risco. Economistas e analistas de mercado ouvidos pelo Correio se dividem entre os que esperam essa elevação este ano, e aqueles que acreditam em mudança na Moody’s apenas em 2009.

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