5 de maio de 2008

"Concorrentes" admitem perder capital para Brasil

Argentina, México e Turquia admitem que o Brasil vai abocanhar uma fatia de capitais que seria destinada a outras economias emergentes, com a obtenção do grau de investimento.

O presidente do Banco Central do México, Guillermo Ortiz, disse que o Brasil vai passar pelo mesmo fenômeno que ocorreu no México há seis anos, e lembrou que seu país não fez restrições a entrada de capital.

"A demanda por títulos soberanos e de empresas do Brasil vai aumentar por parte dos fundos", afirmou o mexicano, sem mostrar preocupação com eventual perda no fluxo, porque o Brasil e o México sao normalmente os que mais atraem capital na região da América Latina.

"Pode ser que isso (desvio de capital) ocorra para o Brasil, mas não nos afeta", respondeu o presidente do BC da Turquia, Durmus Yilmaz, aparentemente acreditando que outros é que vão perder, ainda mais que continua a aumentar os juros já elevados no país.

Martin Redrado, presidente do BC da Argentina, também admitiu mais desvio de dinheiro para o Brasil, mas preferiu recorrer ao humor sobre o impacto para seu país. "Nos contentamos com algumas migalhas, está bom", disse.

Pelas estimativas do Deutsche Bank, o México terá déficit de US$ 16,8 bilhões nas contas correntes este ano e a Turquia US$ 43 bilhões, enquanto a Argentina poderá ter saldo de US$ 5,6 bilhões.

Segundo um participante das reuniões dos bancos centrais, ontem, em Basiléia, nenhum país que obteve grau de investimento reagiu em seguida com controle de capital. O Chile impôs restrição há alguns anos, mas as abandonou.

A expectativa desse participante é de que o grau de investimento melhora no grau de capital que entrará no país, acreditando que o capital especulativo diminuirá, mesmo com o país tendo uma das taxas de juros mais altos do planeta.

O argumento é de que outros fatores afetam o capital especulativo, como o "carry trade" (o investidor toma crédito em moeda de juro baixo e investe em economia com juro alto). A fonte até recentemente era o Japão, mas a moeda japonesa apreciou muito e quem a utilizou perdeu muito dinheiro.

Os EUA poderiam ser uma fonte de "carry trade", com o juro baixo e a moeda depreciando. Só que está com pouca liquidez. Assim, estima esse banqueiro, não se pode chegar a conclusão de que muito capital especulativo vai continuar procurando o Brasil nos próximos meses.

O Deutsche Bank estima que até 2010 somente a Argentina e a Venezuela não terão grau de investimento, entre os maiores países da América Latina.

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