A indústria atingiu o maior patamar de crescimento dos últimos cinco anos. Os dados divulgados, ontem, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram que a indústria de transformação bateu o recorde de expansão no primeiro trimestre. Desempenho semelhante só foi registrado em 2004.
Os resultados dos indicadores industriais tiveram altas de 7,6% no faturamento das empresas, de 6% nas horas trabalhadas, de 4,9% no emprego e de 6,8% na massa salarial, em relação ao primeiro trimestre do ano passado.
No entanto, esses bons resultados podem estar ameaçados pelos números de março que aumentaram em ritmo bem mais lento, o que indicaria uma tendência de desaceleração no ritmo de crescimento para o segundo trimestre do ano.
O alerta foi feito pelo economista-chefe da CNI, Flávio Castelo Branco. Ele disse que a alta da taxa básica de juros (Selic) de 11,25% ao ano para 11,75% e a elevação da cotação do real frente ao dólar, que poderá ser impulsionada ainda mais devido ao novo patamar do país para investimentos estrangeiros, podem prejudicar setores da indústria que são mais sensíveis ao impacto do crédito.
Castelo Branco avalia que a queda no ritmo do crescimento de março pode ser uma acomodação natural, mas que é necessário aguardar o desempenho de abril para fazer análise de mais longo prazo do desempenho da indústria.
– Não há mudança de ritmo da atividade industrial. Os dois primeiros meses foram impulsionados pela reposição de estoques que parece que acabou – disse o economista.
Mas ressalvou que o segmento de bens de consumo como vestuário, calçados, mobiliário e têxtil que já sofrem com a concorrência de importados, poderiam ser prejudicados por essa conjuntura econômica.
Por outro lado, os setores que estão puxando o crescimento do trimestre são os automóveis, máquinas e equipamentos e metalurgia básica que contribuíram com dois terços do faturamento da indústria nos três primeiros meses do ano.
A venda de carros foi responsável sozinha por 36,3% do total com um incremento de 25% no volume de vendas em relação ao mesmo período do ano passado.
O bom desempenho do segmento de máquinas e equipamentos que responde por 17,6% do total do aumento do faturamento da indústria de transformação sinaliza que os investimentos na indústria continuam com forte expansão e ajuda a entender o fato de que a capacidade de produção da indústria estar estabilizada, segundo Castelo Branco.
