20 de março de 2008

Preços das terras voltam aos patamares do boom de 2004


Os patamares mais elevados das commodities - em níveis recordes - se refletiram nos preços das terras no Brasil. O valor médio do hectare no País já está próximo do "boom" da soja, ocorrido em 2004: R$ 3.998. Naquela época o maior preço foi de R$ 4.035 (deflacionados). Ou seja, um hectare está a menos de uma saca de soja do recorde de quatro anos atrás. Faz 20 meses que as fazendas brasileiras registram cotações mais altas consecutivas. Não acompanham, de todo, a valorização dos grãos no período.

"A possibilidade de, no próximo bimestre, alcançarmos valores superiores aos de 2004 é grande", diz a analista Jacqueline Bierhals, da AgraFNP, responsável pelo levantamento. Segundo a analista, diferente do que ocorreu até meados do ano passado, quando a cana-de-açúcar foi a principal responsável pela valorização das terras, agora são os grãos os determinantes. Ela explica que esta alta ocorre porque em região de grãos, as terras são indexadas pela soja, que registrou aumento nos preços tanto em Chicago quanto internamente.

A mudança pode ser verificada no comportamento dos preços em períodos diferentes. Em 36 meses, as maiores valorizações absolutas foram no estado de São Paulo, maior produtor de cana-de-açúcar do Brasil. Em Araraquara, por exemplo, o hectare passou de R$ 10 mil para R$ 20,7 mil no período. Em termos relativos, o aumento médio do estado em 36 meses chegou a 131% - no País foi de 27,3%. No entanto, nos últimos 12 meses, as fazendas paulistas valorizaram-se apenas 5% - abaixo da média do País no período, que chegou a 17,5%. Em alguns municípios, como Ribeirão Preto, os valores até caíram quase 4% no período, custando hoje R$ 20,4 mil o hectare. A atividade canavieira esteve também na lista das 12 maiores desvalorizações neste período, mas em propriedades do Paraná.

O último recuo de preços na média brasileira ocorreu no bimestre março/abril de 2006, quando o hectare caiu R$ 10, para R$ 3.067. Desde então, as cotações estão em alta.
De acordo com o levantamento da AgraFNP, o preço médio da terra em janeiro e fevereiro deste ano foi 3,5% maior que no último bimestre de 2007. No mesmo período, a valorização da soja ficou entre 14,2% em Paranaguá (PR) e 6,23% em Rondonópolis (MT).

Na comparação com os últimos 12 meses, o aumento dos valores praticados é de 17,5%. Como a inflação no período foi de 8,97%, o ganho real ficou em 7,5%. Nos últimos 12 meses, a saca da soja teve cotação maior entre 54,48%, em Rondonópolis (MT) e 30,8% em Paranaguá (PR). Mais uma vez, acima do aumento registrado nos preços das fazendas.
A analista explica que o aumento é generalizado, mas maior em áreas de fronteira agrícola Das 12 maiores valorizações no período, sete ocorreram em terras novas.

É o caso de fazendas no Amapá e no Maranhão, que se valorizaram, em 36 meses, mais de 550%, dependendo da região. A média praticada no Amapá, no entanto, ficou 202% maior e no Maranhão, 29% - para 27,3% no País, no período. Jacqueline ressalta que eram terras muito baratas: menos de R$ 400 o hectare no Amapá. Nos últimos 12 meses, mais uma vez, as fazendas amapaenses lideraram a alta no valor praticado: média de 114%.
Ela acrescenta que até terras para a pastagem tiveram valorização por causa dos grãos. O estudo mostra que entre as 12 maiores valorizações em 36 meses, quatro ocorreram em propriedades de pecuária. Quando a comparação é no período de 12 meses, sete das 12 maiores altas relativas ocorreram em propriedades de pecuária. A analista lembra que não só impulsionada pelos grãos, mas também pelo bom momento em que a atividade de cria e engorda de animais vive.

Jacqueline diz ainda que, apesar de a pesquisa não conseguir comprovar, há fortes indícios de crescimento das aquisições de terras por parte de estrangeiros. "Eles entram comprando à vista. Basicamente em fronteiras agrícolas, que são áreas de maior interesse deles. E isso inflaciona os preços", afirma. Dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) mostram que, atualmente, 5,5 milhões de hectares estão nas mãos de estrangeiros.

O estudo mostra que os maiores preços das terras no País encontram-se no Sudeste: média de R$ 7,3 mil o hectare. No entanto, a fazenda mais cara no Brasil está localizada em Santa Catarina. Foi lá que se encontrou o maior valor por um hectare: R$ 32,1 mil. Segundo o levantamento, as propriedades mais baratas são as localizadas no Norte, a valores médios de R$ 1,2 mil o hectare. O hectare mais barato em todo o País foi encontrado no Amazonas: R$ 35.

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