20 de março de 2008

Novos empregos contêm o déficit da Previdência


204,9 mil empregos abertos em fevereiro representam a melhor avaliação do desempenho da economia real no Brasil. Segundo os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, divulgado anteontem, essa abertura de postos é o novo recorde da série histórica, iniciada em 1992, para o mês de fevereiro. Vale lembrar que no primeiro bimestre acumularam-se 347,9 mil novas vagas, aumento de 37% em relação ao mesmo período do ano passado. Só os postos abertos no mês passado já superam em 16% o recorde anterior de fevereiro de 2006 e mostram que o emprego formal cresceu 38% em relação a 2007 e avançou 0,70% em relação a janeiro deste ano. Com as vagas abertas em fevereiro, o estoque de empregos formais da economia brasileira cresceu 0,7%, alcançando 29,3 milhões de postos de trabalho.

A importância desses números começa pela fonte, porque o Caged é o registro oficial, produto das informações mensais sobre contratações e demissões enviadas por todas as empresas, empregos formais, portanto. Consultorias especializadas apontaram que esse avanço no estoque de empregos formais tem origem bem definida concentrada nos setores de agropecuária e construção civil. No caso desta última, a expectativa era de saldo positivo de apenas 17 mil vagas, e na realidade o setor abriu 25,239 mil vagas, número cinco vezes maior que o de fevereiro de 2007, revelando a acelerada demanda dessa atividade.

Em fevereiro a construção civil ampliou o estoque de empregados em 1,62%, ante apenas 0,32% no mesmo mês de 2007. O desempenho da agropecuária na abertura de postos foi igualmente surpreendente: crescimento de 14,8% em relação a fevereiro de 2007. Depois de dois meses de queda, dezembro e janeiro, o setor abriu contratações, com destaque no cultivo da cana-de-açúcar, com 0,54% de aumento nas admissões em relação a janeiro deste ano.

A indústria de transformação, no entanto, foi o setor que registrou grande abertura de postos com 46,812 mil novos postos, perdendo apenas para o setor de serviços, que contratou 74,4 mil novos empregados. Curiosamente, os números do Caged revelaram que nos serviços o segmento que mais contratou foi o de ensino porque, com a abertura do ano letivo, foram 31,5 mil novos empregos. Esse dado demonstra demanda aquecida no setor, um excelente sinal do ponto de vista da melhor formação profissional. Por outro lado, merece destaque que a administração pública continua contratando muito no Brasil: 15,276 mil novas vagas em fevereiro, bem mais, por exemplo, do que os 13,806 mil novos empregos abertos pelo comércio no mesmo mês de fevereiro.

É preciso observar que o número de empregados formais cresceu 7,9% no primeiro bimestre deste ano em relação a 2007, enquanto o estoque dos trabalhadores sem carteira assinada diminuiu 2,4%. É uma tendência iniciada em agosto do ano passado, quando os dados oficiais revelaram aumento de 6,4% no emprego formal e redução de 5,4% no trabalho informal. O maior beneficiado nesse processo de formalização do emprego é o sistema previdenciário, pela contenção do seu histórico déficit. Em 2007, pela primeira vez em sete anos, o déficit do INSS caiu como proporção do PIB.

Conforme os dados divulgados pelo Ministério da Previdência, o déficit registrado de R$ 46,6 bilhões em 2007 equivaleu a 1,75% do PIB, enquanto em 2006 essa mesma relação foi de 1,81% do produto nacional. Para este ano, o ministério prevê redução do déficit para R$ 44 bilhões , se a economia crescer os 5% esperados pelo governo, exatamente porque as empresas, contratando mão-de-obra formal, reduzem o déficit do sistema. Em 2007, como foram abertas 1,6 milhão de novas vagas, a receita da Previdência subiu 9,1% em relação a 2006.

Os postos de trabalho abertos, sem dúvida, são fruto da decisão de investir da iniciativa privada. Em 2007, a Formação Bruta de Capital Fixo, o dado que mostra os investimentos na economia real, alcançou a maior expansão desde 1996, crescendo 13,4 % a taxa em relação a 2006. Com isso, os investimentos no Brasil atingiram 17,6% do PIB e 1,6 milhão de empregos foram gerados. Para 2008, a expectativa é de que os investimentos alcancem 18,3% do produto, repetindo a expansão de 2007. O crescimento do emprego formal é resultado dessa decisão de investir do empresário. Por outro lado, acelerar a redução do estoque de trabalho informal também depende da reforma da legislação trabalhista que, de algum modo, o mercado já vem promovendo. Porém, sem dúvida, os números do Caged sugerem excelente caminho tanto para as contas públicas como para a oferta de emprego de qualidade. O futuro do País agradece bastante essa conquista.

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