21 de fevereiro de 2008

Dólares voltam a entrar no país


Depois da forte saída de recursos em janeiro, diante do agravamento da crise no mercado imobiliário de alto risco americano (subprime), a ponto de o Banco Central dos Estados Unidos (Fed) cortar as taxas de juros em 1,25 ponto percentual em apenas 10 dias daquele mês, o Brasil voltou a atrair recursos estrangeiros. Nos nove primeiros dias úteis de fevereiro, o movimento cambial ficou positivo em US$ 1,048 bilhão, reduzindo de US$ 2,537 bilhões para US$ 1,309 bilhão o déficit acumulado no ano. Com isso, os preços do dólar desabaram. A moeda americana encerrou as negociações de ontem valendo R$ 1,724 para venda — baixa de 0,52% —, o menor patamar desde 23 de março de 2000.

“Janeiro foi o pico do estresse nos mercados financeiros mundiais, por causa do medo de uma recessão profunda na economia americana. E o Brasil acabou prejudicado, com a saída de capitais de curto prazo. Mas, ainda que não se saiba a real dimensão da crise provocada pelo subprime, os investidores voltaram a ter apetite pelo risco”, afirmou o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luís Otávio de Souza Leal. Para ele, mantida a atual temperatura do mercado, de mau humor moderado, os investidores vão retomar, com maior vontade, o fluxo de recursos para o país.

Além do cenário mais confortável, pois não se confirmou a previsão de uma onda de quebra de bancos mundo afora por conta do subprime nem a economia americana mergulhou em uma grave recessão, o Brasil voltou a ser beneficiado pela diferença de taxas de juros. Aqui, a taxa básica (Selic) está em 11,25% desde setembro do ano passado. Nos Estados Unidos, os juros já baixaram, desde então, mais de dois pontos percentuais, de 5,25% para 3% ao ano. “Ficou muito atrativo trazer dinheiro para o Brasil e aplicar em títulos de renda fixa”, explicou Leal.

Mas também a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) retomou seu espaço na rota do capital estrangeiro. Nos primeiros 10 dias de fevereiro, o saldo das aplicações ficou positivo em US$ 171 milhões (R$ 299,9 milhões), dinheiro suficiente para sustentar uma importante recuperação nos preços das ações. Segundo o Banco Central, os investimentos em bolsa entram na conta financeira do movimento cambial. E, na primeira prévia de fevereiro, o saldo ficou negativo em US$ 434 milhões. Em todo o mês de janeiro, a conta havia registrado déficit de US$ 6,530 bilhões.

Abaixo de R$ 1,70
Na avaliação de Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos, mantido o atual quadro, sem turbulências fortes, é possível apostar que o dólar caia abaixo de R$ 1,70 nos próximos dois ou três dias. Isso, mesmo com o Banco Central comprando os excedentes da moeda, como fez ontem. Ele destacou que a balança comercial continua forte. Tanto que, nos nove primeiros dias de fevereiro, o saldo comercial ficou positivo em US$ 1,482 bilhão. Os contratos de exportações somaram US$ 5,505 bilhões e os de importações, US$ 4,023 bilhões.

Para Rosa, os investidores estrangeiros estão sabendo distinguir, em meio à crise internacional, os bons fundamentos da economia brasileira. A inflação, destacou, está sob controle, a economia está crescendo a taxas acima de 4%, o governo mantém firme o compromisso de fazer um superávit primário (economia para pagar os juros da dívida) de 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB) e as contas externas estão no azul. “Basta lá fora ficar tranqüilo para que os mercados aqui caminhem sem grande volatilidade”, frisou.

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