A crise da economia americana, já classificada por alguns economistas como recessão, terá impacto limitado sobre o desempenho da brasileira. Essa é a avaliação de Francisco Eduardo Pires de Souza, do Grupo de Conjuntura da UFRJ.
Segundo ele, os dados indicam que, de fato, a economia americana entrará em recessão. Apesar disso, o especialista ressalta que a expansão do PIB no Brasil tem sido puxada pela demanda doméstica.
Souza avalia que há um descolamento parcial da economia mundial em relação à economia americana.
Houve uma época em que a economia mundial voava com um único motor, a economia americana. Hoje há vários motores, e o principal deles é a China - explicou o economista da UFRJ.
Souza lembrou que o país está redirecionando suas exportações e os EUA tendem a perder importância como destino de produtos brasileiros. Para o economista, as exportações brasileiras serão mais afetadas se houver um efeito de contaminação. Na prática, isso significa dizer que elas poderão ser mais prejudicadas se a recessão dos EUA se tornar sinônimo de redução das importações americanas de economias emergentes, como a China.
O risco maior ocorreria se a crise afetasse os fluxos de capital para o Brasil de tal modo que levasse o Banco Central a subir os juros. Não vejo sintomas disso - avaliou. - O que pode realmente haver é saída de capital das Bolsas. O Banco Central tem um estoque de reservas gigantesco e o cenário de disparada do dólar é muito remoto.
O economista destaca ainda que o dólar barato está ajudando a reduzir pressões inflacionárias no curto prazo, mas poderá trazer efeitos negativos para a economia num horizonte de quatro a cinco anos.
Produção industrial
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) projeta um crescimento de 5,9% da produção industrial de 2007, em relação ao verificado no ano anterior. Para o mês de dezembro, o órgão estima queda de 2% na produção industrial de dezembro, na comparação com novembro, e alta de 4,7% em relação a dezembro de 2006.
Em novembro, a produção industrial do país caiu 1,8%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Se a projeção para dezembro se confirmar, serão dois meses consecutivos de queda.