O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afastou ontem a possibilidade de um novo apagão energético no País, em seu programa semanal de rádio "Café com o Presidente". Lula chamou de "boatos" os rumores sobre o risco de racionamento de energia em 2008 e garantiu que o fornecimento de energia elétrica no país está garantido até 2010.
"A questão energética vive de boatos, o dado concreto é que o Brasil está seguro de que não haverá apagão e de que não faltará energia para dar sustentabilidade ao crescimento que nós queremos ter no Brasil – assegurou o presidente Lula, que na semana passada reuniu-se com autoridades do governo ligadas ao setor para discutir a possibilidade de um racionamento de energia, nos moldes do que aconteceu em 2001, durante o segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso.
"Nós iremos fazer todo esforço para não faltar energia. Não faltará energia em 2008. Nós estamos preparados para 2009, para 2010 e com o começo da construção da hidrelétrica do Rio Madeira, estamos seguros de que não faltará energia no Brasil por um bom tempo." As afirmações do presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelman, há duas semanas, sobre a necessidade de um plano de contingência no consumo de energia alarmaram o governo.
Apesar das negativas do Palácio do Planalto e do Ministério de Minas e Energia, o plano B do governo para o fornecimento de energia elétrica não tardou em ser apresentado. Na tentativa de afastar o fantasma do apagão, seis termelétricas movidas a óleo da região Sudeste foram acionadas. Em fevereiro, novas termelétricas, dessa vez, a gás, serão ligadas. A Petrobras foi incumbida de adotar um plano de racionamento no uso de gás. "O gás, a preferência dele, é para gaerar energia elétrica", reforçou Lula, ontem.
A principal preocupação do governo é que a escassez de energia acabe por impor um limite ao crescimento em 2008, previsto para passar da casa dos 5%. Lula chegou a expressar sua apreensão a um grupo de ministros, na semana passada. Em reunião no Palácio, o presidente questionou as diferentes avaliações dentro da equipe do governo, cobrou uma solução rápida para o problema do fornecimento de energia e determinou que as medidas adotadas impedissem a interrupção do fornecimento de energia.
No lado político, a ameaça de apagão acirrou disputa travada entre a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o comando do PMDB, maior partido da base. Às vésperas da nomeação do senador Edison Lobão (PMDB-MA) para as Minas e Energia, o governo hesita em entregar ao partido o comando das estatais ligadas à pasta.
