O fluxo de câmbio do País fechou 2007 com ingresso líquido de moeda estrangeira de US$ 87,4 bilhões, mais do que o dobro dos US$ 37,2 bilhões de todo o ano de 2006. O aumento no período foi de 134%. Segundo o Banco Central, o resultado é o maior desde o inicio da série histórica da autoridade monetária, iniciada em 1982. Isso mostra que houve bem mais entrada do que saída de moeda estrangeira no país durante todo o ano, por duas razões: o Brasil exportou mais do que importou e houve mais recursos trazidos por investidores para aplicações financeiras aqui do que feitos lá fora.
As reservas internacionais, que abrangem entrada de capital via exportações, aplicações financeiras e aquisição de dólares pelo Banco Central no mercado à vista, fecharam o ano em uma cifra inédita de US$ 180,334 bilhões, mais do que o dobro dos US$ 85,83 bilhões verificados no último dia útil de 2006, de acordo com dados divulgados ontem.
O fluxo de câmbio é resultado gerado por toda movimentação financeira que o Brasil realiza com outros países. Do lado financeiro, as compras, que representam toda a operação de entrada de capital estrangeiro no País, somaram US$ 348,2 bilhões, contra os US$ 195,3 bilhões observados em todo o ano de 2006. Grande parte desses recursos entra no País por meio de investimento em ações na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).
Enquanto isso, as vendas, ou seja a saída de capital interno para investimentos no exterior que pode ser realizada, por exemplo, por investimentos de bancos nacionais em papéis externos, totalizaram US$ 337, 5 bilhões, ante os US$ 215, 7 bilhões em um ano atrás. Nesse caso, a entrada de capital acima da saída de recursos gerou ingresso líquido de US$ 10,7 bilhões no ano passado.
Já a corrente de comércio foi a que mais contribui para o resultado do fluxo cambial e apresentou entrada líquida de US$ 76,7 bilhões no ano passado, ante os US$ 57,598 bilhões em 2006. O resultado é gerado pelas operações de exportações (US$ 184,7 bilhões) e de importação (US$ 108,018 bilhões) no ano. Assim, o comércio exterior rendeu ao país ingresso líquido de US$ 57,5 bilhões no último ano.
Diante do forte fluxo de capital estrangeiro, o BC decidiu no ano passado elevar as compras da moeda no mercado à vista. De janeiro a novembro, o BC adquiriu US$ 76,2 bilhões no mercado à vista ante US$ 34,3 bilhões em 2006. Foi uma das medidas para tentar conter a apreciação do real frente ao dólar, além de aproveitar o cenário positivo para reforçar as contas brasileiras de eventuais choques externos.
