15 de janeiro de 2008

Brasil quer ampliar presença em Cuba


De olho na transição que deve acontecer em Cuba quando ocorrer a morte de Fidel Castro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou ontem à noite naquele país a fim de garantir espaço para as empresas brasileiras assim que a economia cubana tiver uma maior abertura comercial. Como Cuba depende da importação de todos os tipos de produtos e pode conquistar um maior poder de compra se começar a explorar as reservas de petróleo localizadas em seu território, integrantes do governo brasileiro acreditam que está na hora de o Brasil consolidar a imagem de parceiro estratégico.

Para o governo, esse passo é importante porque Cuba evitará ficar dependente dos Estados Unidos. Além disso, avaliam diplomatas, os cubanos teriam percebido que não podem contar apenas com as promessas de ajuda feitas pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez. O Brasil é hoje o quarto maior fornecedor de Cuba, atrás de Venezuela, China e Estados Unidos.

Cuba e Venezuela mantêm um acordo de cooperação que garante à ilha a importação de petróleo venezuelano a preços subsidiados em troca do envio de médicos e enfermeiros ao país de Chávez. A China vende bens de consumo, máquinas, equipamentos, automóveis e equipamentos de transporte público.

Apesar do embargo do governo americano ao regime comunista vizinho, 25% dos alimentos importados por Cuba são produzidos nos Estados Unidos. E os principais produtos exportados pelo Brasil são equipamentos elétricos, aparelhos de som e TV, máquinas e equipamentos mecânicos e equipamentos odontológicos e hospitalares.

Nova viagem

Esta é a segunda viagem de Lula ao país caribenho. Em setembro de 2003, o presidente assinou em Cuba diversos acordos de cooperação bilateral. Estão na comitiva presidencial os ministros das Relações Exteriores, da Saúde, Educação e Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, além do presidente da Petrobras. Na bagagem, Lula leva o anúncio de um acordo entre a estatal brasileira e o governo cubano para a prospecção de petróleo no Golfo do México.

Oferecerá também linhas de financiamento para a importação de alimentos brasileiros, para a modernização de uma fábrica de níquel e para a execução de obras de infra-estrutura e na rede hoteleira do país. Devem ainda ser assinados atos de cooperação bilateral nas áreas de educação superior, energia, investimentos, saúde e recursos hídricos. Em 2006, os investimentos nacionais em Cuba somaram US$ 20 milhões. Até outubro, o superávit brasileiro com Cuba era de US$ 36,1 milhões - resultado de US$ 36,3 milhões de exportações e US$ 235,2 mil de importações.

Na área de educação e saúde pública, Lula e as autoridades cubanas devem discutir o reconhecimento de diplomas cubanos de medicina no Brasil. Apesar das pressões da categoria, o governo quer dar um fim à polêmica. Para tanto, pretende exigir a equivalência desses diplomas aos certificados emitidos no país a fim de obter garantias da qualidade dos profissionais que pretendem exercer a medicina no Brasil.

Oportunidades

Estudo da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos do Brasil destaca que as melhores oportunidades para os empresários brasileiros em Cuba estão nos setores de tecnologia em saúde, moda, cosméticos, jóias e construção civil. Cuba quase dobrou as compras de equipamentos médicos nos últimos anos. Apesar do lugar de destaque na pauta de exportações do Brasil para aquele país, as vendas nacionais desses bens caíram 24% no mesmo período.

Para o governo brasileiro, o vice-presidente Raúl Castro, provável sucessor de Fidel, deverá realizar um processo de transição assim que o irmão morrer. Devido a problemas de saúde, Fidel está afastado do poder desde julho passado. Desde a revolução de 1959, Cuba vive sob um regime comunista. O governo aguarda autorização dos médicos de Fidel para confirmar o encontro com Lula.

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