Com a entrada em operação de novas plataformas, estatal conseguiu bater o recorde diário de produção de barris de petróleo. Mas José Gabrielli, presidente da empresa, reconhece que é difícil manter o volume
A entrada em operação de seis novas plataformas neste ano levou a Petrobras a registrar, anteontem, mais um recorde diário de produção de petróleo no Brasil. Foram 2.000.238 barris produzidos em um único dia, resultado que supera o recorde alcançado no dia 23 de outubro do ano passado, quando foram produzidos 1,912 milhão de barris.
O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, afirmou que a manutenção do volume diário de produção acima dos 2 milhões de barris diários será uma grande desafio para a empresa. Ele lembrou que a estatal tem o duplo desafio de repor os campos de petróleo em declínio e, ao mesmo tempo, crescer sua produção no Brasil.
“Manter esse volume de produção é cada vez difícil”, disse Gabrielli, em cerimônia que comemorou o recorde de produção na sede da companhia, no Rio de Janeiro. “Com o declínio natural de alguns campos, é fundamental que a companhia invista muito em novas unidades de produção. A Petrobras se diferencia das outras empresas pela robustez dos projetos.”
As seis novas plataformas de petróleo inauguradas pela Petrobras neste ano irão acrescentar 590 mil barris de óleo à capacidade instalada nos campos nacionais quando atingirem o pico de produção. A última delas foi a P-54, que começou a operar no dia 11 de dezembro, no campo de Roncador, na Bacia de Campos (RJ).
A Petrobras colocou ainda em operação, em novembro deste ano, duas outras grandes unidades de produção: a P-52, também no campo de Roncador, e o FPSO Cidade de Vitória, no campo de Golfinho, na Bacia do Espírito Santo.
Na média, houve queda
Apesar de ter batido anteontem seu recorde de produção de 2 milhões de barris de petróleo em um único dia, a Petrobras prevê encerrar este ano com um volume médio diário de produção de petróleo no Brasil abaixo da meta traçada no início do ano, disse ontem o diretor de Exploração e Produção da estatal, Guilherme Estrella.
A empresa irá fechar o ano com produção média de 1,8 milhão de barris por dia (bpd), 5% inferior aos 1,9 milhão bpd planejado. Estrella explicou que paradas técnicas imprevistas em três plataformas que operam na Bacia de Campos – P-43 e P-48 (com capacidade de produção de 150 mil bpd cada) e P-50 (com capacidade para 180 mil bpd) – impediram de atingir a meta.
Segundo ele, as dificuldades foram de ordem operacional, citando como exemplo problemas nos sistemas elétricos. “Não contávamos com esses problemas, mas não é nada de extraordinário. São dificuldades que todas as grandes empresas da indústria de petróleo enfrentam. Temos uma luta diária com os sistemas”, afirmou Estrella.
O diretor acrescentou que os problemas foram superados ao longo do ano e que a média diária de produção subiu nos últimos meses. Segundo ele, fornecedores trabalharam junto da companhia para resolver a questão e lembrou que a companhia opta por colocar sempre metas ousadas de produção, o que seria uma forma de incentivar o desempenho dos funcionários.
Tupi
A Petrobras quer iniciar, até o fim de 2008, a produção experimental do megacampo de Tupi, na camada Pré-Sal da Bacia de Santos, onde estima-se existir reservas de petróleo de 5 bilhões a 8 bilhões de barris. Segundo o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Guilherme Estrella, a companhia irá realizar o chamado Teste de Longa Duração (TLD) durante seis meses.
“Estamos buscando no mercado um navio de porte médio, em final de construção, para realizar os testes. Ele produzirá de 30 mil e 40 mil barris de petróleo por dia, o que nos fornecerá dados, durante alguns meses, que alimentarão nossas ferramentas sobre o potencial do campo”, disse o diretor, em coletiva à imprensa na sede da estatal, no Rio de Janeiro. A Petrobras iniciará uma segunda etapa de testes, chamada projeto-piloto, entre o final de 2009 e início de 2010, o que envolverá a produção experimental de 100 mil barris diários.