Talvez, agora, ele até queira, mas não pode mais. Renan Calheiros não pode mais renunciar ou pedir licença do cargo de presidente do Senado. Depois de tudo o que se passou, o senador mergulhou no seu labirinto de onde não encontra saída. Desde o começo foi tudo muito desastrado, o caso não foi tratado com a habilidade que gente experiente deveria ter, gente que ocupou várias posições políticas na vida, que já enfrentou tantas crises. Os senadores colocaram Renan na pior situação possível depois daquela sessão plenária onde quinze dos seus colegas pediram o seu afastamento.
A intenção ali era facilitar as coisas para ele e para a própria imagem do Senado. Mas não, colocaram o homem contra a parede. Deixaram Renan sem opção para tentar uma alternativa menos vergonhosa, menos humilhante. Parece incrível, mas não deram outra opção a Renan,a não ser resistir aonde está. Depois da sessão descarrego no plenário, o presidente do Senado não pôde mais aceitar o convite de se escafeder porque seria confirmar a confissão da sua culpa, seria o mesmo que dizer batendo no peito, numa voz embargada e dramática (meio Nelson Rodrigues, meio Joaquim Roriz): "Sim, eu sou um pulha".
Se era para salvar Renan, tudo tinha que ser tratado fora dos holofotes da imprensa. As conversas não poderiam aparecer nos jornais do dia seguinte, o acerto precisava ser arquitetado com muito mais reserva e cuidado. Essas coisas não podem ser oficiais e se forem comentadas fora dos limites que lhe são cabíveis têm que ser imediatamente desmentidas. Erraram todos.
O desespero de Renan Calheiros se tornou claro depois do episódio. Tentou misturar o seu destino com o do presidente Lula. Disse que não conseguiram derrubar Lula e, então, os inimigos estavam fazendo o terceiro turno com ele, Renan. O coitado foi desmentido quase que imediatamente pelo ministro Walfrido dos Mares Guia que foi taxativo ao afirmar que o governo não estava participando dos problemas internos do Senado. Nada tinha a ver com aquilo.
Uma mostra de que são outras as preocupações do governo. Lula e seu batalhão sediado no Planalto estão preocupados é com o risco de paralisação da Câmara e do Senado. Com a rapidez de votações importantes como a prorrogação da DRU e do CPMF e das várias vertentes do PAC. Além da sucessão no Senado, já que Renan pode ser carta fora do baralho, porque não se pode deixar o PMDB (partido ao qual pertence Renan) apreensivo.
Dessa forma, o senador desastrado na sua tentativa de ser amante latino, mas bem sucedido no comércio de outras carnes, as bovinas, está por conta própria. Vai ter que enfrentar o turbilhão que se voltou contra ele sozinho. Principalmente se o governo apascentar - para usar a linguagem de acordo - o PMDB colocando novamente no ministério Silas Rondeau, envolvido na Operação Navalha, da Polícia Federal, mas, ao que parece, inocentado quando as investigações de aprofundaram.
A margem de manobra de Renan para manipular o Conselho de Ética está mais do que reduzida. Não dá mais para ele impor relator e tentar obstruir o processo de averiguação dos fatos. Então, isso quer dizer que o presidente do Senado está frito? Nem tanto. O cargo provavelmente ele já tenha perdido, mas o mandato ainda não. Tudo vai depender de como caminharão as coisas no Conselho de Ética.
Porque existe um detalhe insignificante para a mídia, mas que pode contar bastante: o conselho precisa provar que houve quebra do decoro parlamentar no caso de Renan. Quebra de decoro, mas daquelas quebras grandonas, que possam acarretar a cassação do acusado. Por enquanto isso não existe. Nos documentos que estão no Senado não figura nenhum recibo mostrando que Renan recebeu dinheiro do lobista Cláudio Gontijo, ou da construtora Mendes Jr., para pagar a pensão da sua filha fora do casamento. Até porque ninguém é besta. O que existe são notas dos negócios com os bois que não são muito confiáveis. Culpa da Zulmira, responde prontamente Renan Calheiros. Uma senhora, que segundo ele, tem mais de 80 anos e negocia no mercado de carnes de Alagoas com o revólver na cinta.
Agora, a bola está com os três relatores do caso. Eles têm que convencer a todos que estão fazendo um trabalho sério e isento, o que pode ser bom para o Senado, para os senadores e, porque não, para Renan Calheiros. O trabalho sendo feito de acordo com as expectativas e não se encontrando mais nada de chocante nas atividades do acusado, todos podem evitar o voto pela cassação. Talvez, uma advertência, alguns tipo de observação, quem sabe. Renan deve estar torcendo por isso.
A intenção ali era facilitar as coisas para ele e para a própria imagem do Senado. Mas não, colocaram o homem contra a parede. Deixaram Renan sem opção para tentar uma alternativa menos vergonhosa, menos humilhante. Parece incrível, mas não deram outra opção a Renan,a não ser resistir aonde está. Depois da sessão descarrego no plenário, o presidente do Senado não pôde mais aceitar o convite de se escafeder porque seria confirmar a confissão da sua culpa, seria o mesmo que dizer batendo no peito, numa voz embargada e dramática (meio Nelson Rodrigues, meio Joaquim Roriz): "Sim, eu sou um pulha".
Se era para salvar Renan, tudo tinha que ser tratado fora dos holofotes da imprensa. As conversas não poderiam aparecer nos jornais do dia seguinte, o acerto precisava ser arquitetado com muito mais reserva e cuidado. Essas coisas não podem ser oficiais e se forem comentadas fora dos limites que lhe são cabíveis têm que ser imediatamente desmentidas. Erraram todos.
O desespero de Renan Calheiros se tornou claro depois do episódio. Tentou misturar o seu destino com o do presidente Lula. Disse que não conseguiram derrubar Lula e, então, os inimigos estavam fazendo o terceiro turno com ele, Renan. O coitado foi desmentido quase que imediatamente pelo ministro Walfrido dos Mares Guia que foi taxativo ao afirmar que o governo não estava participando dos problemas internos do Senado. Nada tinha a ver com aquilo.
Uma mostra de que são outras as preocupações do governo. Lula e seu batalhão sediado no Planalto estão preocupados é com o risco de paralisação da Câmara e do Senado. Com a rapidez de votações importantes como a prorrogação da DRU e do CPMF e das várias vertentes do PAC. Além da sucessão no Senado, já que Renan pode ser carta fora do baralho, porque não se pode deixar o PMDB (partido ao qual pertence Renan) apreensivo.
Dessa forma, o senador desastrado na sua tentativa de ser amante latino, mas bem sucedido no comércio de outras carnes, as bovinas, está por conta própria. Vai ter que enfrentar o turbilhão que se voltou contra ele sozinho. Principalmente se o governo apascentar - para usar a linguagem de acordo - o PMDB colocando novamente no ministério Silas Rondeau, envolvido na Operação Navalha, da Polícia Federal, mas, ao que parece, inocentado quando as investigações de aprofundaram.
A margem de manobra de Renan para manipular o Conselho de Ética está mais do que reduzida. Não dá mais para ele impor relator e tentar obstruir o processo de averiguação dos fatos. Então, isso quer dizer que o presidente do Senado está frito? Nem tanto. O cargo provavelmente ele já tenha perdido, mas o mandato ainda não. Tudo vai depender de como caminharão as coisas no Conselho de Ética.
Porque existe um detalhe insignificante para a mídia, mas que pode contar bastante: o conselho precisa provar que houve quebra do decoro parlamentar no caso de Renan. Quebra de decoro, mas daquelas quebras grandonas, que possam acarretar a cassação do acusado. Por enquanto isso não existe. Nos documentos que estão no Senado não figura nenhum recibo mostrando que Renan recebeu dinheiro do lobista Cláudio Gontijo, ou da construtora Mendes Jr., para pagar a pensão da sua filha fora do casamento. Até porque ninguém é besta. O que existe são notas dos negócios com os bois que não são muito confiáveis. Culpa da Zulmira, responde prontamente Renan Calheiros. Uma senhora, que segundo ele, tem mais de 80 anos e negocia no mercado de carnes de Alagoas com o revólver na cinta.
Agora, a bola está com os três relatores do caso. Eles têm que convencer a todos que estão fazendo um trabalho sério e isento, o que pode ser bom para o Senado, para os senadores e, porque não, para Renan Calheiros. O trabalho sendo feito de acordo com as expectativas e não se encontrando mais nada de chocante nas atividades do acusado, todos podem evitar o voto pela cassação. Talvez, uma advertência, alguns tipo de observação, quem sabe. Renan deve estar torcendo por isso.