6 de junho de 2007

Lula quer logo acordo que inclua tema nuclear

Não é só de biocombustível que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falará durante sua estada na Alemanha, onde chegou ontem à noite. A energia nuclear estará na agenda de seu encontro bilateral com a premiê alemã, Angela Merkel, nesta sexta.

A discussão ganha mais importância porque entrou na fase decisiva a negociação de um acordo bilateral de cooperação energética, que inclui a reestruturação do acordo nuclear de 1975.

O Brasil apresentou sua proposta de entendimento no mês passado e agora aguarda a resposta do governo alemão. O estado avançado das negociações foi revelado pela colunista Miriam Leitão, do jornal "O Globo", no sábado.

Para o Brasil, o entendimento deve cobrir todos os campos de energia: hidráulica, eólica, solar, geotérmica, das marés, biocombustível (etanol, biodiesel e a segunda geração do combustível de biomassa), petróleo e gás, carvão, nuclear e hidrogênio.

Fontes do governo brasileiro confirmaram que o rascunho brasileiro ressalva que a construção da usina nuclear de Angra 3 ainda aguarda decisão do Palácio do Planalto. O atual acordo nuclear bilateral de 32 anos previa a construção de dez usinas, mas só Angra II foi concretizada.

Ocorre que a premiê Merkel tem dificuldades com sua coalizão com o Partido Social Democrata para acordo de cooperação que inclua a energia nuclear.

Os social-democratas decidiram em 2001 acabar com a produção nuclear no país, prevendo fechar a última usina em 2020. Mas Merkel faz um jogo dúbio. Num momento, ela insiste que o país precisa refletir sobre as conseqüências da saída da energia nuclear. Em seguida, garante que não voltará atrás na decisão tomada há seis anos.

As duas mais antigas das 19 centrais nucleares alemãs foram fechadas durante o governo do social-democrata Gerhard Schröder. Este ano, mais duas vão deixar de funcionar. Só que a oposição ao abandono da energia nuclear está em alta. De um lado, por causa da dependência energética da Alemanha, sobretudo depois de o presidente russo, Vladimir Putin, utilizar politicamente suas exportações de gás. De outro lado, mesmo entre ambientalistas já há quem considere que a energia nuclear pode ajudar a reduzir as emissões de gases-estufa.

Outra questão sensível é o etanol. Os alemães até hoje não avançaram nos entendimentos para testar o biocombustível em ônibus urbanos no país, por exemplo. A industria automotiva alemã resiste a entrada do produto. As autoridades alemães não ignoram, em todo caso, que um acordo energético só sairá com o Brasil com a inclusão do etanol. (AM)

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