19 de setembro de 2010

Onde só concorre amigos do Lula

Em disputa acirrada, Collor, Teotônio e Lessa ensaiam fórmulas diversas de se associar ao presidente para ir ao 2º turno

"Aqui era a casa de PC, onde ele foi assassinado... A grande burrada do Collor foi aquela Zélia, que tomou o dinheiro de todo mundo. Dizem que muita gente morreu com isso. Não sei se é verdade, mas é o que dizem. E a Rosane? Vixe! Uma matuta. Dizem que ela desviou dinheiro da LBA."

Collor discursa em campanha no interior de Alagoas, com cartaz da petista Dilma Rousseff

Enquanto se recorda dos tempos em que trabalhou com Fernando Collor em 1990, o taxista Ricardo Sérgio Lessa, 50 anos, assume o papel de guia turístico político e reconta a história da qual foi parte como motorista credenciado pela segurança da Presidência da República.

Hoje taxista, ele representa a parte do povo alagoano que tem memória, mas declara, de maneira desabrida, o voto em Collor. O diagnóstico sobre o impeachment de Collor em 1992 e dos tempos sombrios na Casa da Dinda é peculiar: "O cabra não era de patotinha. Não tinha apoios. Cabra novo, falava todas línguas. Foi inveja e olho grande. Não provaram nada contra ele." Ricardo está entre os cerca de 30% de eleitores de Collor (PTB), que tenta voltar ao governo de Alagoas, numa das mais emboladas disputas estaduais do País.

Alagoas é palco de reviravoltas da história e da política. Tecnicamente empatado com o ex-governador Ronaldo Lessa (PDT) e com o atual governador Teotônio Vilela Filho (PSDB), Collor e seus fortes adversários ensaiam fórmulas diversas de se associar ao presidente Lula com intuito de chegar ao segundo turno. Enquanto Teotônio e Lessa travam o pior duelo em busca do segundo turno, o passado de Collor é poupado pelos adversários. Aliados dos dois garantem que a "surpresa" para o ex-presidente está guardada para um eventual segundo turno.

"Alagoas sabe que o presidente Lula é meu amigo e meu parceiro. Vai ajudar o Ronaldo, mas ele deu uma declaração institucional. Lula, no fundo, torce por mim", diz o governador, ex-presidente nacional do PSDB, ao comentar a gravação de apoio de Lula a Lessa na última segunda-feira e, desde então, virou hit na TV, no rádio e em carros de som espalhados nas ruas.

José Serra, candidato do PSDB à Presidência, nunca está nos programas eleitorais do governador. Já Lula aparece com destaque. Esconder Serra, segundo o tucano, é "estratégia de marketing". "Preciso crescer mais nas pesquisas para puxar o Serra.

"Ai meu Deus, bota o Serra lá para cobrar imposto. Tá frito!", comenta, baixinho, o candidato a vice, José Thomaz Nonô (DEM), que demonstra a insatisfação com a associação a Lula. "Nosso eleitorado aqui é de enlouquecer qualquer cientista político. Já vi cartaz da Heloísa Helena ao lado do Renan (Calheiros), e eles são inimigos mortais. O candidato ao Senado na nossa coligação (Benedito de Lyra) pede votos para a Dilma!", relata Nonô.

Bordão. Num caminhar frenético, Collor desembarca de seu helicóptero num campo de futebol, ao lado de um lugarejo com esgoto a céu aberto, na pequena Matriz de Camaragibe, a 110 quilômetros de Maceió.

Os cabelos estão grisalhos, mas os bordões e o estilo são os mesmos de quando chegou à Presidência. Esportivo, o candidato faz das caminhadas, sempre de tênis e com o adesivo de Dilma pregado na camisa, o ponto alto da campanha. Ergue as mãos saudando o povo, simula abraços em gestos, bate continências. Carismático e com um discurso eloquente e impostado, adula os fãs, transformando-os em eleitores.

Marcado por sua célere e dramática permanência na Presidência, a relação de Collor com a imprensa inexiste. Assessores tentam driblar jornalistas para mantê-los o mais longe possível do candidato, e informações sobre a agenda do ex-presidente são ocultadas. Ao ser abordado pelo Estado, Collor segue em linha reta, sem dizer uma palavra.

"Minha gente, não nos esqueçamos: no dia 3 de outubro temos um encontro com as urnas, que significa um encontro com a nossa consciência. Alagoas haverá de melhorar com Fernando Collor no governo", discursa para seu eleitor típico, as classes D e E. Como de costume, cita, entre elogios, Lula e Dilma, a quem chama de "futura presidenta".

Nuances. "O Collor está apoiando a Dilma. Se ela vem a Alagoas, ele vai querê-la no palanque dele. Não vou forçar a barra. Deixo isso com o PT, porque há muitas nuances", afirma Lessa, o único que teve o privilégio de mostrar na TV o apoio explícito de Lula. "Se a Dilma vem aqui e querem aliá-la ao Collor para desgastá-la, ela não tem de vir."

Sob o risco de ter a candidatura impugnada se for enquadrado na Lei da Ficha Limpa, Lessa reclama do apoio tardio de Lula, há 20 dias das eleições. "Me disseram que todos os candidatos querem, do Brasil inteiro, e ele não fez por ordem alfabética. Se fosse, Alagoas estava na frente. Acho que ele fez pelo PIB." A gravação foi feita por insistência do senador Renan Calheiros, candidato à reeleição. "Meu padrinho é Lula, não o Renan. Mas Renan tem sido corretíssimo", diz.

O pedetista também dá estocadas no PT, que teria prometido "apoio logístico para a campanha". "Pode ser que a cúpula do PT não saiba quem são Teotônio e Collor. O povo de Alagoas sabe", alfinetou Lessa, que ainda espera por uma gravação de Dilma.

Diariamente, o escolhido de Lula é bombardeado na TV por conta da condenação pelo TRE, que o considerou inelegível. Agora, ele aguarda julgamento no TSE e já planeja recorrer ao STF. "Não me incluo nesta ficha suja, mas até eu explicar que focinho de porco não é tomada vão usar e abusar."

Em 2004, quando governador, Lessa anunciou aumento para professores quando participava de evento em que também declarara apoio a um candidato à prefeitura. Ficou inelegível de 2006 a 2009.
Veja também (agrupamento):

3 comentários to “Onde só concorre amigos do Lula”

  • segunda-feira, 27 setembro, 2010

    A Rádio Cultura de Santos Dumont-MG, "a terra do PAI DA AVIAÇÃO", cidade de 50 mil habitantes, na Zona da Mata Mineira, região de Juiz de Fora, fundada em 17 de agosto de 1948 passou a ser administrada, em 01/01/2010, pela Sociedade Mineira de Comunicação, empresa sediada em Juiz de Fora-MG:
    Diretor Artístico: Sérgio Rodrigues (Radialista, Jornalista e Advogado),
    Diretor Administrativo: João Begatti (Radialista, Contador e Professor),
    Diretor Comercial: Carlos Ferreira (Radialista e Técnico em Contabilidade),
    Gerente de Jornalismo: Alessandra Batista (Jornalista).
    PORTAL: www.radioculturasd.com.br

    Alcance:
    Hoje, a Rádio Cultura que está passando por ajustes técnicos, é sintonizada nas cidades de:
    Antonio Carlos, Aracitaba, Bias Fortes, Coronel Pacheco, Ewbank da Cãmara, Goianá, Mercês, Oliveira Fortes, Paiva, Piau, Rio Novo, Tabuleiro e na zona norte e bairros altos de Juiz de Fora.
    Com os ajustes técnicos o sinal vai ser captado em:
    Chácara, Barbacena, Bicas, Guarará, Lima Duarte, Maripá de Minas, Santa Rita do Ibitipoca, Pedro Teixeira, Rio Pomba e São João Nepomuceno.

    Leia mais aqui no BLOG:
    www.carlosferreirajf.blogspot.com

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  • segunda-feira, 11 outubro, 2010

    INDECISÃO: TTs = #Dilma13 #OndaVermelha

    assusta, #DilmaSim é diminuitivo, #Dilma é vago.

    Vamos fazer um só #Dilma13, nome e número.

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  • sábado, 16 outubro, 2010
    Anônimo says:

    to muito triste por nao poder participar dos amigos do molusco!!kkkkk e o cobate a corrupcao/dirceu ,lula ,dilma,collor ,sarney ,ate o malluf apoia ,povo burro, governo corrupto!!!!

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