6 de outubro de 2009

Varejo já vende em até 17 prestações ‘sem juros’

Nunca as lojas ofereceram prazos tão longos para parcelamento sem juros no próprio cartão, que tem sempre um banco como sócio. Hoje o prazo máximo para parcelar eletrodomésticos, eletrônicos e itens de informática, sem acréscimo, pode chegar a 15 vezes no Ponto Frio, Extra e Carrefour. No fim do mês passado, as Casas Bahia parcelavam em até 17 vezes sem juros. Esse movimento é uma clara indicação de que o comércio não espera uma alta de juros tão cedo, enquanto o mercado financeiro já especula sobre a provável elevação da taxa básica.

"Ofertas de prazos tão longos sem juros como os atuais é algo inédito", afirma o vice-presidente da Associação Nacional do Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira. No passado recente, lembra, anúncios de parcelamento em 12 vezes sem juros no cartão da loja eram raros.

Há várias interpretações para o alongamento de prazos. Segundo Ribeiro de Oliveira, a hiperconcorrência entre varejistas ampliou as condições de pagamento. "Em São Paulo, as Casas Bahia querem manter a liderança diante da chegada do Magazine Luiza à Capital e da compra do Ponto Frio pelo Grupo Pão de Açúcar." Além disso, diz, as lojas devem ter grande volume de estoques negociados em condições favoráveis com a indústria, isto é, prazos mais longos de pagamento.

Para o economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges, esse movimento de prazos mais longos no cartão das próprias lojas é a volta dos bancos privados ao crédito para a pessoa física, já que nesse tipo de financiamento feito por meio do cartão da loja sempre há uma instituição financeira no negócio.

"Os bancos privados querem recuperar a fatia de mercado que perderam para os bancos públicos", afirma Borges. Segundo dados do Banco Central (BC), os bancos privados detinham 65,8% dos empréstimos para empresas e consumidores em setembro de 2008. Em agosto deste ano, último número disponível, eles respondiam por 59,6% do crédito. "Eles perderam mais de 6 pontos porcentuais, e cada ponto significa milhões de reais, especialmente com esses spreads excelentes", diz o economista.

No fim de 2008, lembra Borges, com a crise, o grande temor dos bancos era que o calote explodisse. Mas isso não ocorreu porque o desemprego não aumentou como se previa. Agora, mesmo com a perspectiva alta dos juros, os bancos não querem perder mercado.

Emílio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), diz que as lojas querem aproveitar a "boa maré" da conjuntura. "No ano que vem tem Copa do Mundo e eleições que garantem a atividade aquecida por pelo menos 12 meses." Além disso, mesmo que o juro suba em 2010, há um intervalo até que ele tenha impacto na economia real.

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