13 de setembro de 2009

O Hamlet tucano

Serra evita falar sobre o pré-sal, cujo modelo parece não lhe desagradar, e o PSDB vagueia

A Petrobras achou petróleo a quilômetros de profundidade de mar e solo no Oceano Atlântico, mas os parlamentares do PSDB dão sinais de que ainda procuram o pré-sal. Discutem se é doce ou salgado.

Aliás, o que tem feito a oposição capitaneada pelos tucanos entre uma espinafrada no senador José Sarney, as correrias para chegar a lugar nenhum em torno de CPIs, como a da Petrobras, nascida já com tanque vazio, e muitos discursos e raríssimas atitudes? Assim está sendo com as propostas da Petro-Sal, do regime de partilha etc.

Seus parceiros do DEM, pelo menos, são práticos: bateram os olhos no novo modelo de exploração do pré-sal enviado ao Congresso e não gostaram. E, se gostassem, provavelmente não contariam. Os DEMs são rápidos: o que é bom, eleitoralmente, para um, é ruim para o outro, e ponto final. O divisor nem é o PT, é Lula.

Os tucanos são mais chegados a dramas existenciais. E não é raro que se estranhem. A ala do governador José Serra é vista como mais progressista que a que governou com o presidente Fernando Henrique durante oito anos. Ele provavelmente aceite o mérito da reforma da Lei do Petróleo, aprovada em 1997 para as circunstâncias da época: Tesouro ralo, estatais endividadas e setor externo em frangalhos.

Quem o escuta fica com a impressão de que ele tem mais pontos em comum com a ministra Dilma Rousseff .

E assim vão eles, arrastando as suas contingências, como Serra em 2002: desconfortável como candidato do continuísmo, que ele tentou disfarçar como mudancista, sem romper com o fernandismo. Lula viu a saia justa e a aproveitou em 2006: jogou uma casca de banana aos pés de Geraldo Alckmin, ao insinuar que, se eleito, ele repetiria FHC, e privatizaria a Petrobras e Banco do Brasil. Alckmin rateou: não defendeu as privatizações do governo FHC e nem soube livrar-se da maledicência de Lula. Passou para o segundo turno acuado.

Partido sem clareza
A história do pré-sal repete a 2006. Lula tem dito que a oposição quer entregar às multinacionais o óleo sagrado, “do povo brasileiro”, pontuou na quinta-feira, a razão, segundo também já disse, da CPI da Petrobras, cuja intenção seria enfraquecer a estatal com intenções espúrias. a CPI dos tucanos e do DEM prosperam para cima do tucanato pela falta de clareza sobre o que pensa o partido. No Senado, é a cara do DEM, além de sintonizado com o nhenhenhém de FH. Na Câmara, reflete melhor as orientações de Aécio e Serra. Não há, porém, as digitais de um e outro na condução programática.

Lista de procurados
Os fatos sugerem que Serra, no lugar de Dilma, entregaria o mesmo resultado esperado por Lula sem firulas, só com uma mordida fiscal muito maior no regime de concessão, mas não se imolaria se tivesse de mudar para o modelo de partilha, como proposto pelo governo.

Da Petro-Sal talvez abrisse mão, arrumando um jeito de dizer que estaria atendendo a Petrobras, cuja direção não engole uma estatal para vigiá-la no pré-sal hoje e amanhã, quem sabe, dar-lhe ordens.Baseado no texto de Antonio Machado

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